Um Olhar Crônico Esportivo

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segunda-feira, agosto 25, 2008

Sutileza olímpica



“Beijing, Beijing e tchau, tchau”



Esse é o título do anúncio em página inteira no Estadão (e provavelmente também na Folha, que ainda não vi) com que a Rede Record abre seu ‘ciclo olímpico’.


“... a única emissora de TV brasileira a transmitir os próximos Jogos... de Inverno... os Jogos Panamericanos... e... Londres, em 2012” – essa declaração forte, sem dúvida, está no miolo do texto, que encerra com uma chamada um pouco diferente:


“Record. A emissora oficial das Olimpíadas de Londres 2012”


As três competições são exclusivas da Record, que nos últimos anos criticou a Globo e o Clube dos 13 pela cláusula de exclusividade presente nos contratos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro. Como foi dito por este Olhar Crônico Esportivo, cláusulas de exclusividade são parte do mundo dos negócios e servem para valorizar o produto para quem vende e para quem compra. Nada há de anti-ético ou monopolista em sua existência, como chegou a ser dito, cifrada ou abertamente, por profissionais da Record, exaustivamente repetidos por alguns jornalistas.


Então, ficamos assim, certo?


A Rede Record vai contratar Cleber Machado, a quem teria sido prometido um “Luxemburgo” mensal (quinhentos mil reais) como salário para liderar a nova equipe de esportes que precisará ser criada, ou seja, terá que ser toda contratada.

A Rede tem um longo, cansativo e extremamente caro caminho a percorrer, independentemente dos 70 milhões de dólares já pagos pelo pacote das duas Olimpíadas e o Pan de Guadalajara. Como também já foi dito neste Olhar Crônico Esportivo, não se tratará apenas de contratar os ponteiros, os rostos que, em tese, deverão ser a cara da emissora, mas também contratar, treinar, entrosar toda uma gigantesca equipe técnica. Quando o primeiro fogo de artifício estourar em Vancouver, Guadalajara e, por fim, em Londres, tudo precisará estar ‘nos trinques’. E até o encerramento apoteótico que os ingleses farão no verão europeu de 2012, muito dinheiro precisará ser investido.


O pessoal do Comercial não perdeu tempo e já está no mercado, oferecendo o Ciclo Olímpico Record, chamado de Tripé Olímpico.


As cotas de patrocínio para os Jogos Olímpicos de Inverno, em 2010 em Vancouver, custam 5,2 milhões de dólares cada.


É complicado... Jogos de Inverno?

Que audiência a Rede conseguirá puxar para esse evento, cheio de provas de esqui, trenós e coisa e tal? Aparentemente, somente a patinação no gelo dará retorno de público.


As seis cotas nacionais para o Pan de Guadalajara têm custo unitário de 15 milhões de dólares. É um bocado de dinheiro, também.


O principal pacote publicitário cobre o Tripé Olímpico no decorrer dos próximos quatro anos, cobrindo os três eventos pela pechincha de 52 milhões de dólares.


É dólar pra burro, dinheiro de gente grande.

Em especial para ser investido em emissoras que não tem a preferência da maioria dos telespectadores.


Esse, por sinal, é um grande trabalho a ser executado: fazer com que o público acostume-se à Record ao invés da Globo.


Se pensar um pouquinho, encontraremos outras tarefas desse porte, com certeza doze trabalhos de Hércules para conseguir chance de sucesso na transmissão desses jogos.


Precavida, a direção da Rede fecha o texto com uma assinatura mais ampla e light, que vale a pena repetir:


“Record. A emissora oficial das Olimpíadas de Londres 2012”


Uma coisa é ser a “oficial”, outra é ser a única a transmitir.

Uma sutil diferença, uma verdadeira sutileza olímpica.


Como disse no texto “Moedas de troca da Record”, acredito que a Rede Record não vai ficar sozinha com os custos e, consequentemente, a transmissão desses jogos.

Aposto sete de minhas hipotéticas dez fichas que Galvão abrirá as transmissões de 2012 com o “Alô, amigos da Rede Globo” direto de Londres.


E, na Record, alguém estará transmitindo os jogos do Brasileiro e também da Copa Santander Libertadores.


O mercado vai ficar agitado e este Olhar Crônico Esportivo aposta as (sete) fichas de seu editor nisso.






Post Scriptum



Daniel Castro revela em sua coluna de hoje que a Record pretende contratar um time de 300 profissionais para seu projeto olímpico.


Como forma de viabilizar, ou melhor, de otimizar o aproveitamento desse pessoal e ao mesmo tempo ir preparando a audiência que já tem e cativando a que ainda não tem, a Rede pretende disputar – e comprar – os direitos de transmissão de campeonatos nacionais de esportes olímpicos, como vôlei, judô e ginástica. Diz ainda Daniel, titular da coluna “Outro Canal” da Folha de S.Paulo, que a emissora não irá transmitir todos, repassando as transmissões para a Record News, tal como faz a Globo em relação ao Sportv.


Na Record acreditam que a emissora do Jardim Botânico reduzirá drasticamente as aparições desses esportes na grade de programação.


Como eu disse na primeira parte desse post, eles teriam de contratar muita gente. E para Londres 2012 eu, particularmente, acho o número reduzido, ainda.


Os dados estão lançados. Olimpicamente falando, porém, fica melhor “as flechas estão lançadas” e, dependendo de onde e como caírem, seus resultados poderão ser letais.



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1 Comments:

  • At 8:55 PM, Anonymous Anônimo said…

    E haja dizimo pra bancar a festa, faltou dizer...
    Acho pouco provavel que a Record banque sozinha o pacote, mas se este fato ocorrer veremso todos os esportes olimpicos serem sumariamente ignorados pela Platinada no periodo, uma mostra que o esporte e o que interesa, rsrsrsrsr
    vou acompnahr por aqui o desenrolar desta novela....

     

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