O futebol é fascinante, talvez o mais fascinante de todos os esportes. A reviravolta, impensávem na maioria dos outros, é plenamente possível no futebol. E foi uma reviravolta o que aconteceu no Morumbi na tarde gelada de ontem.
O time reserva do São Paulo, tendo apenas o goleiro Rogério Ceni como titular em campo, disputou um 1º tempo excelente, sufocando o Santos em seu próprio campo, impedindo a execução de passes bem feitos e a articulação de jogadas. A pressão na saída de bola provoca isso: erros de passes e jogadas que não se realizam, seja por que o passe não foi feito corretamente, seja porque o timing foi perdido. O Santos até via a cor da bola, mas somente onde os tricolores deixavam, sempre em espaços mortos, de onde nada útil saía.
O Peixe, simplesmente, não jogou no primeiro tempo. Ou melhor, em 90% do primeiro tempo, tanto que deu seu primeiro chute contra o gol de Rogério aos 39’49” – chute pífio, defesinha burocrática. Antes disso, Fábio Costa já tinha feito defesas (no plural), já tinha feito besteira (no singular), que Thiago e Alex Dias não conseguiram aproveitar, e Lenilson tinha metido um tirambaço na quina do travessão com a trave esquerda de Fábio Costa.
Pois bem... Um minuto depois, do primeiro chute a gol do Santos, o jovem Thiago perde a bola na intermediária, na lateral, comete falta e, ingênuo, não retarda a cobrança. Defesa desarrumada, jogada em velocidade, 1x0.
Mais um minuto e meio apenas, bola perdida no ataque e os lambaris armaram um contra-ataque velocíssimo. Alex Silva – futuro grande zagueiro – fura a interceptação no meio-campo e... 2x0.
O resultado do jogo estava decretado.
O São Paulo voltou disposto a tentar o empate no segundo tempo. Mas Luxemburgo, mais vitorioso e, consequentemente, o melhor treinador brasileiro, de bobo nada tem, e ao lado do ânimo reforçado de seu time, corrigiu sua postura em campo. Melhor distribuído e, sobretudo, mais confiante, o Santos resistiu à tentativa de pressão do São Paulo e marcou o terceiro gol logo nos primeiros minutos de jogo. O quarto gol foi apenas conseqüência. Um quinto e um sexto gol não aconteceram por pouco. E por um certo relaxamento do Santos, algo normal, diga-se de passagem.
Enquanto isso, nas arquibancadas, a torcida do São Paulo festejava. Paradoxal, mas verdadeiro. Diante da derrota inevitável, fruto de dois gols mais acidentais do que planejados, e diante da bela exibição dos primeiros 40 minutos de jogo, os torcedores sentiram que era bobagem e injusto vaiar aquela equipe em campo, formada por reservas.
Perder para o Santos era um risco calculado e aconteceu. Paciência.
Vale dizer que o Santos vinha de péssimos resultados e, ainda mais como um treinador como Luxemburgo, esse era um jogo decisivo para o futuro do Santos no Campeonato. Mais uma derrota no campeonato e, pior ainda, para os reservas do São Paulo, era algo impensável. O jogo tinha para o Santos uma importância enorme, o que não acontecia do outro lado.
O decorrer da rodada trouxe grandes e boas surpresas para o São Paulo. Nenhum adversário direto venceu e o único prejuízo foi diminuir em um ponto a distância para vice-líder, o Internacional, que ficou num empate em 0x0 contra o Grêmio, em Porto Alegre. O Cruzeiro perdeu para o Vasco, por 1x0. O Fluminense empatou com o Botafogo em 1x1. O Paraná perdeu do Palmeiras. Apenas o Santos subiu bem na tabela, entre os concorrentes mais próximos.
Uma boa rodada, apesar da feia derrota.
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