Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

<

sexta-feira, julho 21, 2006

Semi-finais definidas

E o Chivas Guadalajara deixa para trás o Vélez Sarsfield – 2x1.

Com essa vitória, ficam definidos os 4 semi-finalistas da Copa Libertadores:

São Paulo x Chivas Guadalajara

Internacional x Libertad


Um desses quatro será o campeão da Libertadores e estará no Japão, em dezembro, disputando o Mundial de Clubes.

--- xxx ---


A tarefa do São Paulo será muito difícil. O Chivas voltou a jogar bem, com o retorno de seus jogadores que serviram à seleção mexicana e da qual formam a base.

O fracasso do México na Alemanha, com certeza, será um combustível extra para motivar o Chivas na primeira conquista da Libertadores por um time mexicano.

Para o São Paulo as dificuldades começam com a própria viagem para Guadalajara e o retorno. Isso praticamente impedirá Muricy Ramalho de usar a equipe titular nos dois próximos jogos do Campeonato Brasileiro.

Sem dúvida, disputar a Libertadores é mais complicado, e ao seu modo, mais difícil que disputar a Champions League. Às distâncias intercontinentais, soma-se a altitude de locais como La Paz, Cuzco, Quito, Cidade do México e até, um pouco, Guadalajara. Em especial nessa reta final, uma equipe precisa de elenco grande e bom o bastante para dedicar-se a duas competições diferentes sem prejuízos.

.

Marcadores:

<

quinta-feira, julho 20, 2006

São Paulo x Estudiantes - um jogo limpo

.

São Paulo e Estudiantes de La Plata foi um típico jogo de Libertadores. Mas não foi um típico jogo entre brasileiros e argentinos, ao contrário da primeira partida, disputada em Quilmes.

O jogo foi duro, foi tenso, foi muito disputado. Porém, não houve lances desleais, não vimos faltas violentas, tampouco discussões entre jogadores, um empurrando o outro e de repente um monte de gente se empurrando. Até surgiu uma pequena possibilidade, mas logo foi extinta, pelos próprios jogadores dos dois times e pelo juiz chileno. E isso foi muito bom, deixou uma sensação boa no final,nada de raiva por um ou outro jogador, nada de ódios tolos, sem razão e sem necessidade. Também nas arquibancadas e arredores do estádio não houve registro de problemas. Ufa! Foi apenas um disputado jogo de futebol.

O jogo em si não primou pela técnica refinada, mas foi emocionante e muito bom de assistir. Para mim, foram dois os personagens da partida: Diego Simeone, ex-jogador argentino, duro e, muitas vezes, violento, estreou como treinador à frente do Estudiantes. E Rogério Ceni, goleiro do São Paulo.

Todos esperavam que Simeone armasse o Estudiantes atrás, jogando defensivamente, fazendo valer sua vantagem de jogar pelo empate. O próprio São Paulo preparou-se para enfrentar esse tipo de jogo. Mas não, nada disso, o Estudiantes entrou em campo defensivamente forte, mas igualmente forte nos contra-ataques e, sobretudo, na intenção de atacar e manter o São Paulo preso em seu próprio campo. Isso foi feito de forma muito inteligente e perspicaz. Quando a bola estava com o São Paulo para reposição, o Estudiantes recuava, marcando todos os jogadores do São Paulo em condições de receber a bola, mas deixava livres de marcação os três zagueiros, dois dos quais eram reservas.

Uma liberdade aparente, falsa, enganadora. Sem opções para um passe seguro mais adiante, a bola era tocada entre os três zagueiros e o goleiro Rogério, reconhecidamente um excelente jogador com a bola nos pés. Para muitos analistas, é o goleiro que melhor trabalha a bola com os pés em todo o futebol mundial. Quando a bola cruzava o campo de um lado a outro, e caía com Edcarlos ou, mais frequentemente, Fabão, o jogador mais próximo dava um bote. Algumas vezes a bola chegou a ser roubada, criando situações potenciais de perigo. Em outras, o zagueiro, apertado pelo ataque, mandava a bola para longe de qualquer jeito, quando ela ia para fora ou caía sob domínio argentino.

Essa medida simples e eficaz demonstrou que Simeone analisou cuidadosamente a forma de jogo do São Paulo e as características de cada um de seus jogadores. Com isso, além de ter criado algumas situações de risco, atrasou o jogo do São Paulo e isolou sua defesa do meio-campo e do ataque.

No mais, foi um time que se defendeu com garra e determinação atrás. O São Paulo conseguiu criar poucas jogadas de gol, apesar da movimentação de seus atacantes, alas e meio-campistas. Finalmente, sempre que o gol esteve próximo, o goleiro Herrera apareceu bem. As melhores oportunidades para o São Paulo nasceram de jogadas rápidas, com um só toque na bola em progressão rumo ao gol, ou em jogadas pelas laterais e linha de fundo. O gol, por sinal, nasceu da cobrança de uma falta sobre Leandro bem próxima à linha de fundo. O zagueiro Edcarlos entrou pelo meio e tocou de pé esquerdo a bola cruzada para as redes de Herrera, no final do 1º tempo.

Com 1x0, a disputa foi para a cobrança de pênaltis. Herrera adiantou-se e defendeu bem a 4ª cobrança do São Paulo, feita por Danilo. O placar estava igual, 3 chutes e 3 gols para cada lado. Agora, com a defesa, a vantagem era do Estudiantes e a classificação estava muito próxima. Rogério não reclamou do avanço de Herrera, mas adiantou-se, também, e defendeu a 4ª cobrança do Estudiantes , feita por Alayes. Herrera reclamou, mas nada resultou. Junior converteu a última cobrança e pôs o São Paulo em vantagem. E o jovem Carrusca, com certeza sentindo a pressão do momento, chutou mal e para fora. São Paulo classificado para sua terceira semi-final consecutiva.

.

Marcadores:

<

quarta-feira, julho 19, 2006

"7 gols"

Ou, uma estrela está a caminho

Essa história não tem nomes. Tem uma cidade: São Paulo. E tem um esporte: futebol.

Ela começa com um garoto pobre, morador numa favela, mas bom de bola. Nasceu com a habilidade dos craques, desenvolveu-a jogando com bolas de plástico nas vielas apertadas pelos barracos. Progrediu, passou a jogar na rua, e um dia jogou com bola de couro, de verdade, já velha, desgastada, mas, e daí? Quem se importa com um detalhe assim? Não ele.

Um pouco mais velho, um pouco mais encorpado, passou a jogar no campinho de terra ao lado da favela. Campo pequeno, bom pra moleques como ele. Em poucos anos era conhecido como um garoto bom de bola. Craque. Pouco estudava, a escola era ruim, sem atrativo, a disciplina inexistente, talvez, se houvesse um pouco, quem sabe? A muito custo desenvolveu a escrita, horrível, pesada, dura, mas, afinal, para que isso? Só se escreve em máquina e em computador!

Foi fazer um teste num clube grande, famoso. Teste não, foi participar numa daquelas “peneiras”, um monte de jogadores cheios de esperança, sonhos, vontades, habilidades, amontoados ao lado dum campo mambembe, grama falha, feio, mas que naquele momento era um Morumbi em final de Libertadores, final de Campeonato Paulista, grama bonita, as linhas riscadas com cal, traves, redes... Parecia que estava sonhando.


Passou no teste.

Ganhou uniforme e chuteiras. Passou por um exame médico e até por um dentista. Teve sorte, só precisou tratar de duas cáries. Seu negócio era jogar bola. não melhorou na escola, mas pelo menos não piorou.

Quando o sonho de jogar num time grande tornou-se realidade, já não tinha mãe. Pai nunca teve, nunca viu, nunca soube quem era. Tampouco fez falta. Tinha os homens da família da mãe, tanto que um deles levou-o para fazer o teste. Sua irmã mais velha, “de maior”, com seus 19 anos, era a responsável por ele e pela irmã caçula.

De vez em quando ele sentia que estava num dia bom. Entrava em campo e arrasava. Como quando ganharam por 11x0. Onze a zero, e ele fez 7 gols. Sete. Conta de mentiroso, diziam isso e davam risada. Menos ele. Não era mentiroso e não conseguia aceitar a brincadeira dos amigos e colegas.


"Sete gols"...

Conversando com um e outro no clube, um empresário descobriu o óbvio de tantos meninos: estava meio abandonado, meio esquecido lá dentro mesmo. E ninguém no clube tinha conversado com a família do garoto, portanto, nada de contratinho, nada de procuração.

No dia seguinte, quando o treino terminou, o guri ganhou uma carona pra casa, no carrão do empresário. Sentiu-se importante, grande e bonito sentado ali, na frente, do lado do cara. Gente boa, ele, simpático.

A conversa com o garoto fluiu com facilidade, entre elogios e informações. Em cinco minutos ou menos o motorista do carrão já conhecia tudo sobre a ainda curta e pobre vida do “sete gols”. Com a irmã dele e o tio ao lado a coisa foi mais difícil, mas nada sério.

Falou sobre as verdades do futebol. O guri tinha futuro, sim. E como ele mais um monte. E desse monte, de cada cem, duzentos, quinhentos garotos bons de bola, saíam apenas 2, 3, 4, 5 com muita sorte. Mas com ele trabalhando pelo “7 gols” a coisa não seria tão difícil. As chances seriam maiores. Ele próprio brigaria com os técnicos pra escalar o menino. Falaria dele para uns jornalistas amigos. E gravaria alguns jogos dele, isso era importante.

O tio concordou e falou que isso era importante mesmo. Nesse momento o empresário sentiu que estava tudo certo. A família já era dele. Conversa vai, conversa vem, a procuração foi assinada, registrada em cartório e tudo o mais no rigor da lei. Agora, a carreira do “7 gols” estava associada, não, mais que isso, estava entregue ao empresário. Em troca, uma boa parte do que o menino ganhasse seria dele. Mas todo mundo achou certo, apesar de acharem muito. Mas, nesse mundo as coisas são assim mesmo e quem pode mais chora menos. O futuro deles todos estava nos pés do moleque.

A conversa prosseguiu. O empresário fez um raio-x da vida do moleque. E passou recomendações, um monte. Nem recomendações eram, eram ordens mesmo, mas todas certas. Eles não podiam deixar o menino se envolver com gente drogada, nem ir pra muita festa, nem voltar tarde pra casa. Isso, de jeito nenhum. E o tio recebeu a missão de cuidar para que as noites do “7 gols” fossem sadias.

No dia seguinte, porque naquele não dava mais, a irmã, o tio e o menino foram com o empresário numa grande loja de materiais de construção. Os trinta mil reais que o empresário adiantou como um agrado, foram quase todos embora. E no dia seguinte começaram a construir uma casinha num terreno da família, coisa que parecia sem futuro, mas era o único legado da mãe falecida. Fora da favela, mas pertinho dela, ninguém iria ficar sem os amigos e amigas.


Tudo isso aconteceu há algum tempo.

O time grande tomou um susto quando um diretor foi conversar com a irmã do menino e teve que conversar com o empresário, não para assinar e sim para negociar um contrato “com” o garoto. A irmã nada mais assina. A conversa foi amigável, o diretor do clube sabia que eles mesmos tinham pisado na bola. O jeito, agora, era diminuir o prejuízo.

Parece que o primeiro contrato do garoto já rendeu cem mil reais. O empresário, acreditem, não quis recuperar os trinta mil adiantados. Disse que foi um presente. Pegou sua parte, como pega todo mês no salário do “7 gols” e orientou a irmã e o tio a aumentarem a casinha. E já falou que no ano que vem eles vão comprar um sobrado num bairro ali do lado. E já adiantou que não vai demorar muito eles vão morar na Europa.

O “7 gols” continua indo à escola. O empresário é chato, falou que tem um nome a zelar e quer o garoto bem formado, pelo menos no básico.


Fim. Ou isso é só o começo?


(Partes dessa história são verídicas. Os valores são reais e são em reais, por enquanto. Como disse o empresário, logo serão em dólares. Algumas partes foram, digamos, romanceadas. No fim, ficou tudo misturado. Mas sabemos todos que a ficção só imita a realidade, não é mesmo?)

.

Marcadores:

<

segunda-feira, julho 17, 2006

Números do Brasileiro

Ontem foi completada a 12ª rodada, ou seja, a grosso modo fechamos a 1ª terça parte do campeonato. Restam 26 jogos para cada time, e um total de 78 pontos em disputa. Considerando a média de pontos dos campeões a partir da introdução dos pontos corridos, esse ano o campeão brasileiro fará 73 pontos.

Nesse momento, com 12 rodadas, 31,5% do campeonato já foi. Vejam alguns números interessantes que levantei – contas simples, banais. Meras curiosidades.

Time............................. Pontos........ % s/ pontos


São Paulo ......................... 26 ..................35,6%

Cruzeiro ............................25 ..................34,2%

Internacional ....................24 ..................32,9%

Fluminense ......................23 ...................31,5%


Como disse, considerando que 31,5% do campeonato já foi realizado, podemos dizer que o Fluminense, 4º colocado, está rigorosamente dentro da média jogos realizados/pontos para o título. O líder está com uma “folga” de 4,1%. Como eu disse, nada significa, mas é curioso.

.

Marcadores: