A Globo cobriu a proposta da Record e mantém o Campeonato Mineiro em sua programação. A Record ofereceu 15 milhões, um valor sem dúvida elevado, considerando o mercado coberto, e essa proposta foi coberta pela Globo que, por força de contrato, tem o direito de cobrir qualquer oferta. A Federação e as direções de Cruzeiro e Atlético, todavia, ainda não liberaram o valor do novo contrato com a Globo.
No Rio de Janeiro parece confirmado, de fato, que o valor oferecido pela Globo e aceito pela FERJ e clubes, foi de 28 milhões de reais, 20% menor que o valor proposto pela Record, de 35 milhões de reais. Para adoçar os clubes e dar-lhes algo em troca do valor menor, a rede abriu mão dos direitos sobre a publicidade nos gramados, que poderá dar aos clubes um bom faturamento extra.
Ou melhor, poderia, uma vez que, provavelmente, receberão por isso muito menos do que receberiam se esse item fosse mantido no contrato de direitos de tv. Isso porque, é notório, os clubes não vão negociar eles próprios os espaços, e cada um entregará a publicidade a um amigo de sempre ou de ocasião, e as comissões cobradas por essas empresas não serão baixas, como nunca foram. Alguma coisa vai sobrar para os clubes, claro, mas, pelo que conheço do mercado, será pouco.
O outro doce entregue pela Globo foi a antecipação de 4 milhões de reais para cada clube pelo campeonato de 2008. dinheiro que sumirá ou já sumiu, pagando salários, direitos e contas atrasados, e que não existirã em 2008, quando será necessário antecipar o de 2009 e aí, em 2009...
Apesar do valor negociado pelo Paulista ter sido muito bom – 70 milhões de reais por temporada -, acredito que haverá pressão dos clubes e federação por um acerto, uma vez que os valores negociados para o Rio e Minas serem, proporcionalmente, bem maiores, considerando os tamanhos dos mercados e seus IPCs – Índice Potencial de Consumo. Haverá desdobramentos.
Ainda sou Globo
A entrada, ou a tentativa da Record de entrar no mercado, tem sido muito benéfica para os clubes e para o futebol. Potencialmente, claro, pois entre o profissionalismo da Globo e a bagunça e amadorismo reinante na maioria dos clubes, passando pelo parasitismo das federações, há um longo caminho a ser percorrido.
Se eu fosse dirigente, exploraria ao máximo a disputa Globo/Record, mas assinaria com a Globo, mesmo que o valor fosse até, digamos, 5% inferior.
Por que?
Profissionalismo e confiança.
A Record, embora esteja atuando de forma benéfica e séria, ainda precisa conquistar a confiança de todos os players desse mercado. A Globo é séria e extremamente confiável, principalmente nas questões financeiras. Não que a Record não o seja, também, mas precisa provar isso e aparentar isso. Algo como a história da mulher de César.
Existe a expectativa pelo Campeonato Brasileiro. De repente, não mais que de repente, é bem possível que dinheiro de verdade, como dizem os americanos, comece a entrar nos cofres dos clubes. E aqui começam novas histórias...
A primeira e mais óbvia: o dinheiro vai para os cofres dos clubes, de fato?
Outra: estando nos cofres, virá a ser bem usado?
Há outras questões, mas bastam essas duas pra gente ter muita coisa pra pensar. Se com verbas restritas, pequenas, as besteiras foram gigantescas e os desvios – supostos – maiores ainda, imagine-se com dinheiro grosso entrando na jogada.
Ainda não sei se a Federação Paulista abocanha 10% ou qualquer outro percentual dos direitos de TV, tal como faz a federação do Rio de Janeiro.
Se isso acontecer, é urgente uma discussão séria e profunda a respeito disso, pois, no duro mesmo, trata-se do mais deslavado parasitismo. E parasitas, bem sabemos, devem ser extirpados de todo ser vivo, uma vez que em nada contribuem e só sugam, além de, ainda por cima, transmitirem doenças. É por isso que a gente, sistematicamente, elimina os carrapatos nas vacas. E essas federações não passam de carrapatos gordos e cheios de sangue.
Sangue dos clubes.
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