Rolando pelo mundo da bola...
No Brasil...
O gás vazou no grampo
Ou, também, a polícia atirou no que viu e acertou no que não viu.
Em sua edição de ontem, o diário Lance revelou que os policiais que investigam a falsificação de ingressos e sua posterior venda no estádio Palestra Itália, através de escuta telefônica autorizada pelo Ministério Público de São Paulo, gravaram uma conversa entre um dos diretores palmeirenses sob investigação e outra pessoa, na qual esse diretor referiu-se a um terceiro personagem como sendo o autor da colocação do gás ‘pimenta’ no vestiário ocupado pelo time do São Paulo, no segundo jogo da semi-final pelo Campeonato Paulista.
Os policiais suspeitam que o autor do crime é membro de uma das “organizadas” palmeirenses, o que não é de espantar, uma vez que os membros desses grupos, quaisquer que sejam os clubes para os quais dizem torcer, não primam pela civilidade, digamos assim.
O caso estava prestes a ser arquivado quando surgiu essa informação. Teremos, agora, os desdobramentos de praxe, que tomarão algum tempo. Tudo indica, porém, que dessa vez a polícia chegará à solução do crime.
O que será ótimo para o esporte, sobretudo.
Sim, porque pelo que foi exposto tratou-se de um ato de bandidos.
Não deixa de ser sintomático que isso tenha vindo à luz durante a investigação de outro crime, a venda dos ingressos falsificados. Mesmo com o provável envolvimento de um ou mais diretores da Sociedade Esportiva Palmeiras, nem que seja por conhecerem e não denunciarem o autor do crime, fica claro que a direção do clube nada teve a ver com isso. Ótimo para o futebol e para o relacionamento entre as duas direções e as duas entidades, que precisam, sempre, estar acima das paixões doentias e dos atos insanos que muitos praticam em seus nomes.
Como torcedor e como esportista, começo a ficar aliviado com tudo isso.
O próximo Choque-Rei será em poucos dias, já.
Não é muito provável, mas está longe de ser impossível, que esse jogo coloque em disputa a liderança do Campeonato Brasileiro.
De minha parte, não só espero que ele seja realizado no Parque Antártica, como também desejo que seja um ato que ponha um ponto final nessa pendenga, que separou torcedores e levou as duas diretorias a trocarem acusações pesadas.
Sem falar no eminente treinador Vanderlei Luxemburgo, claro.
Hoje, como antes, sou contrário à realização de jogos como esse no Palestra Itália, mas tão somente pelo reduzido número de torcedores que pode acomodar comparado ao Morumbi, e também pelos riscos criados pelas características do bairro em que está localizado. Nesse caso, porém, mais do que nunca ele deve ser o palco desse clássico. Será emblemático.
Ah, esse marketing do Flamengo...
Um dia ainda hei de entender o que ocorre na Gávea.
O Marcelo Damato, entre outros, divulgou que a Petrobrás está cobrando algumas coisas do Flamengo. Transcrevo sua nota a respeito, publicada no blog “Além do Jogo”:
“O Flamengo está cobrando R$ 8 milhões da Petrobras, cerca de metade do contrato deste ano. A estatal não pagou e disse que não vai pagar até que o clube reconheça as multas previstas por descumprimento do contrato. A conta da Petrobras é de R$ 1,6 milhão.
Parte disso se deve a punições previstas para os casos de jogadores que levantam a camisa na comemoração de gols. Mas a grande parte é pelo uso pelas equipes de esportes amadores do clube de uniformes e espaços de competição sem logotipo da Petrobras. Foi a inclusão desses esportes , aliás, que levou o contrato a ser reajustado neste ano. A Petrobras pagou, mas não levou.
Os diretores do Flamengo não só não reconhecem as multas como já exigem pelo menos R$ 20 milhões para o ano que vem. Pelo jeito, terão que encontrar outro parceiro.
Em
A Petrobrás só irá manifestar-se oficialmente a respeito na terça-feira, portanto, esperarei até lá para comentar um pouco mais, e melhor, a respeito.
Mas, já adianto: não é normal um clube do porte do Flamengo ter tantos problemas com patrocinadores como vêm tendo, ora com a Petrobrás, ora com a Nike.
Chutômetro ligado
A temporada de chutes sobre o dinheiro da TV para os clubes brasileiros está aberta.
Este Olhar Crônico Esportivo já antecipou que acredita, inicialmente, em 31,5 milhões de reais por ano. Fora a participação nos novos valores do pay-per-view.
O Lance de hoje fala em 28 milhões de reais/ano, valor muito baixo e fora de cogitação.
Outros veículos falaram em 34 milhões de reais. Possível, talvez até provável, desde que o pay-per-view continue crescendo
Tão ou mais importante que manter o crescimento, é manter o crescimento da renda da rapaziada das classes C, D e E, pois é daí que vem o grosso do crescimento dessa mídia.
Nos próximos meses teremos, ao que tudo indica, muito falatório sobre os valores que serão pagos aos clubes do Grupo I, principalmente. De um lado teremos os clubes dos Grupos III e IV, principalmente, reclamando do que recebem os do Grupo e Grupo II – este, formado unicamente pelo Santos. Do outro lado, o G4 estará em discussão permanente, querendo aumentar a participação de seus membros.
Teremos meses interessantes pela frente.
Enquanto isso, na Europa...
... o City gasta e paga cash
Continuando no assunto Robinho/City, o clube inglês, ou melhor, seus novos donos, o Sheikh Mansour bin Zayed al Nahyan e o Abu Dhabi United Group, pagaram à vista os 40 milhões de euros da transferência de Robinho para o Real Madrid.
As mesmas fontes informam, também, que nada menos que 5 milhões de euros foram pagos a empresários que cuidaram e acertaram os detalhes da transferência.
Nessa altura, não há como fugir de uma indagação óbvia – sempre, é claro, confiando nessas fontes européias que abasteceram o pessoal da Pan: Robinho cortou os laços por que Wagner Ribeiro estava entre os empresários que receberam 5 milhões de euros?
Essa pergunta tem uma certa lógica, dando-se crédito às fontes, porque o rompimento foi tão estranho quanto inesperado, pegando a todos de surpresa.
Fica a pergunta, afinal, o que mais temos no futebol brasileiro e mundial nos últimos tempos são perguntas.
Perguntas de mais, gols e respostas de menos.
Mais do Manchester City
Falando à imprensa inglesa durante o evento que marcou oficial e protocolarmente sua posse como proprietário do clube, o Sheikh Mansour bin Zayed al Nahyan declarou em carta aos torcedores que “Temos grandes ambições para esse clube, tal como vocês, mas não loucamente. Entendemos que a montagem de uma grande equipe para fazer parte e se sustentar entre os 4 melhores da Premier League e disputar as grandes competições européias, toma tempo.”
O Sheik disse conhecer bem a história do City e vai honrá-la, e espera continuar com o trabalho que o clube já desenvolve na formação de novos talentos.
Disse ainda que, em termos empresariais, o futebol é o melhor produto de entretenimento do mundo e uma excelente escolha para investimentos. Por isso mesmo, ele e o grupo de Abu Dhabi continuarão a colocar muito dinheiro no negócio Manchester City.
Endemol no futebol
A holandesa Endemol, devem recordar muitos de vocês, é a criadora do Big Brother e vários outros reality shows. Agora, depois de criar a Eredivisie Live, um novo canal de televisão voltado para o futebol, em parceria com a Liga Holandesa, segue sua expansão criando a Endemol Sports, um braço esportivo com atuação global.
O foco da nova empresa estará na TV digital e nas novas plataformas de mídia.
Para não perder tempo e ganhar mercados e escala mais rapidamente, a nova empresa, baseada em Londres, atuará em parcerias com outras redes e empresas em todo o mundo, em 25 países nos cinco continentes, com destaque para o Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, Alemanha e Holanda, assim como Índia, Austrália, África do Sul e America Latina (curiosamente, os jornalistas de boa parte da Europa englobam tudo e todos em América Latina – nota do Olhar Crônico Esportivo).
Como disse o Sheik Mansour bin Zayed al Nahyan no bloco anterior, o futebol é o melhor negócio de entretenimento do mundo.
Newcastle pode virar “nigeriano”
Quando pensamos em Nigéria pensamos em... problemas.
Mais problemas e mais graves do que os que têm o Brasil.
Também, pelo menos no meu caso, não posso lembrar de Nigéria sem lembrar de Biafra e sem lembrar regimes ditatoriais, corrupção extremada, pobreza extremada, concentração absurda de renda...
Portanto, e falando a mais pura verdade, foi com surpresa que recebi a informação pela newsletter do SportBusiness que um consórcio nigeriano liderado pelo NVA Management, está em vias de, por meio de um takeover – uma compra de ações em bloco – assumir o controle do tradicional Newcastle United, de acordo com o The Guardian.
Chris Nathaniel, CEO do grupo nigeriano, disse estar muito esperançoso de fazer da Nigéria o primeiro país africano a possuir um time de futebol na Premier League.
Disse Nathaniel que desde que Mike Ashley indicou que venderia o clube a quem chegasse com 400 milhões de libras, ele vem tentando formar um consórcio de empresas e homens de negócios nigerianos, amantes do futebol, e chegar aos 400 milhões de libras (1 bilhão e oitenta milhões de reais) e fechar o negócio. No momento já conta com 350 milhões em caixa e acredita fazer uma oferta nos próximos dias, mas espera conseguir mais cem milhões para poder fazer frente a grupos árabes que também têm interesse na aquisição. Um dos grupos árabes supostamente interessados seria o Dubai International Capital – DIC – que já tentou a compra do Liverpool, mas seus executivos disseram não ter interesse no Newcastle.
Pois é...
Não pode ser só o amor ao futebol que move todo esse pessoal.
Por isso, aproveito e repito, uma vez mais, a exemplar frase do Sheik Mansour bin Zayed al Nahyan:
O futebol é o melhor negócio de entretenimento do mundo.
Cada vez mais me convenço que ele está certo.
Nem tudo são flores na Premier League
Quebrando essa série otimista: somente nos últimos 3 meses, o custo para ser um típico torcedor da Premier League ficou 21% mais caro, segundo pesquisa realizada e publicada pelo Virgin Money's Football Fans' Inflation Índex.
A pesquisa mostrou que os custos do matchday para um torcedor atingiram o valor de
Scott Mowbray, da Virgin Money’s, disse: “A questão é que com o aumento dos custos, aumento dos preços dos ingressos, despesas de alimentação, o aumento nos custos de transporte, quanto mais poderá pagar o torcedor? Essa pode ser a temporada em que muitos torcedores deixarão de seguir seus times e preferirão ficar em suas casas.”
Mais um bom indicador que essa temporada poderá deixar tristes recordações para a Premier League.
É isso, pessoal.
Apesar das notícias e comentários não muito alvissareiros, no geral, desejo a todos um bom final de semana.
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