Três visões, três sentimentos deixados por esse ano que terminará em poucas horas.
Como brasileiro em sentido amplo: o ano começou no sétimo céu (alguém ainda essa expressão?) e terminou nos mármores do inferno. O motivo para essa queda abrupta e dolorosa foi o desempenho pífio da seleção brasileira. Incensada como o melhor e mais fantástico time do mundo e já com as faixas de “hexa” prontas, a seleção começou a mostrar sua lamentável cara nos treinamentos suíços. Hotel “doze” estrelas fechado, uma equipe de filmagem convivendo com todos 24 horas por dia, filmando os bastidores da conquista – falando nisso, cadê esse material todo? Por que não fazem “2006 – os bastidores de um vexame”? – e passando de vez, se é que isso era necessário, o clima de “já ganhou” e “a taça é nossa” para os atletas. O escrete brasileiro jogou, digo, atuou, pois aquilo não foi jogar, na contramão de todos os outros: pesado, lento, perdido em campo, sem treinamento, sem jogadas... Chegou onde chegou por mera gentileza dos adversários, como de hábito embasbacados diante da camisa amarela.
Como brasileiro que gosta e acompanha o futebol: foi um bom ano, diria até que foi excelente. O Campeonato Brasileiro, base maior de todo o nosso futebol, teve sua quarta disputa seguida com o mesmo regulamento, simples, direto, objetivo e, acima de tudo, absolutamente justo. No país das maracutaias e jeitinhos diversos, que englobam desde o presidente da república até o empregado de sítio que não quer registro em carteira para poder receber o seguro-desemprego, isso foi, sem dúvida, uma grande conquista. Faz parte dessa conquista a ausência da papagaiada que parecia eterna e deixou de ser, sobre “virada de mesa”.
Ainda nessa categoria, há que destacar a participação tupiniquim na Copa Libertadores, com dois times brasileiros fazendo a final pela segunda vez consecutiva e a conquista do Mundial de Clubes pelo Internacional.
Um ponto negativo nessa categoria: a cobrança absurda e irracional, além de injusta, sobre os árbitros. Jornalistas e torcedores escudaram-se nas imagens das câmeras de televisão – que chegam ao número absurdo de quase trinta em alguns jogos – para criticar árbitros e assistentes que só dispõem de um mísero par de olhos cada um, ao nível do chão, em movimento constante, submetidos a variações de luz e outras coisinhas mais. O cúmulo dos cúmulos foi atingido com as críticas feitas ao assistente que acertou um impedimento que existiu por apenas nove centímetros. Criticado por acertar...
Um ponto positivo importante foi o desempenho de times que tiveram comando sério e não sujeito aos humores semanais, mantendo seus treinadores por toda a temporada. Além do campeão e do vice, destaque para o Grêmio, Vasco e Paraná.
O futebol paulista, para quem gosta de separar por províncias, não foi tão bem nesse ano. Dois times caíram e dois times se arrastaram. Já o futebol carioca foi bem, graças às campanhas de Vasco e Botafogo e ao título da Copa do Brasil conquistado pelo Flamengo.
Como são-paulino, foi um ano ótimo. O time chegou à final de mais uma Libertadores, perdendo dessa vez. Ainda hoje e para todo o sempre tenho marcado na lembrança o lance que, a meu ver, foi decisivo para a sorte dos dois jogos: a entrada violenta e intencional de Edinho sobre Mineiro aos dois minutos de jogo. Todavia, mágoa à parte, foi outro grande ano, coroado pela conquista antecipada do título brasileiro. Tão importante quanto tudo isto foi o desempenho do clube no campo das finanças, com um movimento excepcional, onde as rendas da Libertadores foram o ponto alto, significando a manutenção de um elenco acima da média nacional e novas disputas por títulos.
2007...
Como é bom começar tudo de novo!
Um novo ano, novos campeonatos, novas disputas, mais emoções se aproximando, a expectativa no alto.
A Copa Libertadores da América se torna cada vez mais importante, desejada e badalada. A disputa desse ano será terrível, pois além de 5 campeões pelo Brasil, teremos ainda o retorno do Boca e os mexicanos reforçados pela conquista da Sul Americana. Torneio pra cachorro grande.
E o Brasileiro estará ainda melhor. O quinto ano seguido de pontos corridos vai encontrar os times definitivamente imbuídos da importância de cada jogo, de cada ponto. O campeonato começa, de fato, no primeiro jogo. Bom planejamento (palavra tida como mágica ou chata, depende do momento e da ótica), bom elenco para agüentar o tranco de 38 rodadas e, sobretudo, bom comando, são pontos básicos para quem pretende chegar ao final do ano em boa posição, vale dizer, com vaga na Libertadores 2008, pelo menos.
Que, venha, pois, o Ano da Graça de 2007. E que seja bem-vindo e venturoso.
Um ano que traga saúde e paz para todos.
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