Ronaldinho no BR 08?
Nas conversas nas tribunas, nos centros de treinamento, nos eventos noturnos, nos encontros casuais ou não, um assunto tem sido ventilado: a possibilidade de Ronaldinho jogar no Brasil por um ano ou pelo menos por seis meses.
Impensável?
Nem tanto.
Repercutiu muito e bem, em todo o mundo do futebol, a recuperação de Adriano, sua dedicação aos treinos e aos jogos, os gols marcados, o preparo físico excelente, dando arrancadas “imparáveis” aos
Repercussão que atingiu, também, um de seus patrocinadores pessoais, a Nike. Há cerca de dois meses, a diretoria liberou Adriano de um dia de treino para gravar um comercial para a empresa, já veiculado em todo o mundo, um verdadeiro e literal anúncio de seu retorno ao mundo da bola.
Ronaldinho, Adriano e Nike têm algo em comum?
Sim, têm muito em comum. Vamos lá.
Nesse momento, Dinho é um jogador sem valor de mercado pelo que ele é, pelo que representa. Enquanto falam de cem milhões de euros por Cristiano Ronaldo, seu valor fica reduzido a meros vinte ou menos milhões de euros, como se fosse uma mera promessa, nada mais que isso. Daniel Alves, por exemplo, foi para o Barcelona por 32 milhões de euros, dinheiro de gente grande, mas muito longe de ser tão grande quanto Dinho, vamos falar a verdade.
Ao mesmo tempo que tem seu valor de mercado diminuído, ele deixou de ter espaço no próprio clube, fruto de uma temporada tão frustrante quanto ridícula, para alguém com seu potencial. Guardiola, o novo treinador do clube catalão, foi curto e grosso: Dinho não está em seus planos, está fora, assim como Eto’o e Deco. Pode ser uma decisão perene, pode não ser. Mas ele só voltaria a fazer parte do grupo blaugrano se demonstrasse vontade e recuperação. Aqui, nesse ponto, não podemos esquecer que Ronaldinho é atleta do Barça por mais dois ou quase três anos, ainda.
Mantê-lo na folha de pagamento custa ao clube quase nove milhões de euros por ano, uma grande fortuna. E mantê-lo sem jogar bola, sem ter chance de recuperar-se, significa jogar toda essa dinheirama no lixo, não ter para ela o mínimo retorno. Assim como passá-lo adiante para um Manchester City da vida, time de terceira linha na Europa, por alguma coisa ao redor de 20 milhões de euros é assumir um pesado prejuízo, é abrir mão de um atleta que, no mínimo, no mínimo, vale o triplo e representa, como imagem, muitas vezes mais que esse valor.
É uma situação idêntica à de Adriano e Internazionale, com diferenças de forma, é claro. Mas, na essência, são idênticas: ambos são ou foram grandes atletas e foram pegos pela vida em momentos de total desvalorização, como pessoas e como jogadores de futebol.
Atletas desse nível têm suas vidas profissionais em parte regidas por seus compromissos publicitários, e aqui entra a Nike, uma das maiores se não for a maior patrocinadora pessoal desses dois atletas. Ao patrocinar um atleta, a empresa está investindo nele sua imagem, além de dinheiro. Ver esse atleta recuperado e de novo jogando bola, é uma recuperação do investimento feito e uma proteção do investimento em andamento, pois os contratos são todos de longo prazo. Vir para um país fora do grande circuito do futebol hoje (Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha) e, pior ainda, fora do continente europeu, significava um retrocesso em todos os sentidos, mas hoje essa visão mudou. Riquelme joga no Boca e mantém seu prestígio na Europa, embora muito menor que o de Adriano e Ronaldinho. O Imperador veio, curou-se e voltou à seleção brasileira, que bem ou mal é ainda a seleção estrangeira mais admirada por torcedores de todos os países. Uma temporada brasileira de Ronaldinho, portanto, deixa de ser um período de férias, deixa de ser um atraso em sua vida e na do clube, para transformar-se em parte do investimento em sua recuperação, em parte de seu processo de retorno pleno ao mundo do futebol.
Olhando de longe, sem maiores informações que as ventiladas aqui e ali, parece-me claro que ele, tal como Adriano, terá que bancar uma parte desse custo, abrindo mão de algum percentual de seu salário pago pelo clube. Isso porque ficaria muito pesado para o Barcelona manter intocados seus 9 milhões de euros, e é simplesmente impossível para algum clube brasileiro pagar qualquer coisa acima de duzentos mil euros mensais para um jogador como ele – esse foi o valor, pelo câmbio de hoje, que o Santos pagou por mês para Zé Roberto.
Enxergo algumas dificuldades num salário desse porte, principalmente, se não houver uma negociação muito boa, com os jogadores “comuns” do elenco do clube que contratá-lo, isso, é claro, sem falar da dificuldade de pagar 2,5 milhões de euros em salário para um só jogador
Voltando ao falatório de mercado: comenta-se que há três clubes interessados em Ronaldinho, sendo dois de São Paulo e o terceiro de Porto Alegre, Belo Horizonte ou Rio de Janeiro, como possibilidades. Os comentários vão além e falam que os interessados dariam ao Barcelona, como contrapartida, prioridade na negociação de seus atletas. Bom, sem dúvida, mas muito pouco para seduzir o Barça.
Novamente, vendo o panorama à distância, acredito que, desde que Ronaldinho compre a idéia e abrace-a de verdade, Joan Laporta e Ferran Soriano fariam negócio se Ronaldinho concordasse em abrir mão de parte de seu salário, e o clube brasileiro pagasse outra parte – no máximo 2,5 milhões de euros, como disse, tomando o Santos e Zé Roberto como exemplos.
Impossível?
Impensável?
¿Quién lo sabe?
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9 Comments:
At 1:12 PM, ROD said…
Olha, Emerson, na minha modesta opinião, o primeiro passo que o Ronaldinho teria de dar visando o soerguimento de sua carreira, seria trocar de empresário.
Um velho amigo, com quem eu aprendi muita coisa, me ensinou desde cedo que não devemos admitir um funcionário importante que, em virtude de circunstâncias pessoais, nunca poderemos demitir. É o caso do Assis, irmão e empresário do Ronaldinho. Além de não ter voz ativa, como empresário e irmão mais velho -Ronaldinho o considera como um pai-, na vida pessoal do craque, uma vez que, munido de um paternalismo nocivo, assistiu com total permissividade os exageros nas noitadas de Barcelona, Assis já vem, há muito tempo, fazendo um tresloucado leilão por Ronaldinho em todo o mundo da bola. Enquanto seu irmão se esbaldava na "noche", fez tanto leilão, tantas ofertas a diversos e variados clubes europeus que acabou por desvalorizar os direitos federativos do jogador em alguns milhões de Euros.
Concordo, pelos motivos que você já expôs no post, que não é nada impossível de se acontecer e muito menos absurdo que Ronaldinho passassse um período em clube brasileiro visando a reabilitação do explendor de sua forma.
Ao mesmo tempo, acredito ser um verdadeiro retrocesso em sua carreira profissional -assim como foi para o Adriano- que ele volte à esta altura a atuar em qualquer clube brasileiro. Qualquer um.
Durante o "Tá na Área" antes do jogo Brasil x Agentina, na entrevista concedida pelo José Mourinho, o treinador português afirmou que daria um puxão de orelhas no Carlos Alberto -seu amigo pessoal-, pois o mesmo já deveria estar em um outro estágio de sua carreira. Leia-se: jogando em um grande clube europeu.
E eu digo que este puxão de orelhas se aplicaria, também, ao Adriano e ao Ronaldinho num eventual retorno(precoce) ao futebol brasileiro ainda em 2008.
Rod.
At 1:14 PM, ROD said…
corrigindo: eSplendor...com S
Que horror! hehehe
At 6:26 PM, Anônimo said…
Caro Emerson,
não se mexe em time que está ganhando!! Então, pra você continuar dando sorte pro meu Fluzão, vim aqui dar um alô.
Conto com a torcida sua e até da Rosa hoje, e vc tinha razão, quando o SP perde, perde para um finalista.
Agora começo o consumo industrial de cerveja, hino do Flu com Artur Moreira Lima, pré-jogo, mas na hora H, eu corro!!!
Beijo grande,
Lilu
At 2:59 AM, Anônimo said…
Concordo com Rodrigo Molina. A volta de Ronaldinho Gaucho ao futebol brasileiro seria esplendida para nos, mas seria um retrocesso para sua carreira e sua imagem.
Acho muito (muitissima em certos pontos) exagerada a propagada "recuperacao" de Adriano. Aparenta mais um ousado, e ate onde foi possivel, eficaz projeto de recuperacao de sua imagem, com grande investimento das fontes interessadas (e somente aqui concordo com Emerson): Nike, Internazionale, empresario, Sao Paulo F.C.
Entendam daqui em diante "recuperacao" como recuperacao de sua imagem, nao de seu futebol. Pois foi isso que, infelizmente, assistimos. Nao que nao tenha voltado a jogar bem, voltou! Mas tao bem quanto Alex Mineiro, artilheiro do paulistao 2208... ou tao bem quanto Kleber Pereira, vice artilheiro... ou ainda tanto quanto Pedrao, do Gremio Barueri, com quem dividiu a terceira colocacao...
Claro que nao se traduz em gol as habilidades de um completo e grande jogador (ainda que essa seja sua funcao no ataque). Mas entendem que essa recuperacao nao foi ao nivel propagado?
Ate bem interessante essa questao de "repercussao internacional", nem entrarei em detalhes pra nao alongar demais... Mas o que mais repercutiu la fora (e com maior velocidade) foram a briga dele no CT, as festas, o acidente de transito.
Mas a cartada final foi a selecao brasileira, que melhorou muito o planejamento de recuperacao (de sua imagem). E aqui minha opiniao, convocacao mais por conta do um bom planejamento das "fontes interessadas" e seus contatos, que por seu futebol "a nivel de" Alex Mineiro e Pedrao.
Torco muito para que se recupere de verdade. E acredito que com sua volta a Europa conseguira. Mas agora sera do seu futebol.
At 3:02 AM, Anônimo said…
*paulistao 2008
At 1:47 PM, Anônimo said…
Oi Emerson.
Não sei se você aprovou minha "dica" em relação ao site do Cidade do Futebol.
Mas li esta notícia que achei interessante, e lembrei de você:
"A presença constante de jogadores brasileiros já era suficiente para mostrar o quanto o Milan acompanhava atentamente o mercado brasileiro. A situação ficou ainda mais clara depois que o clube italiano lançou uma versão de seu site oficial em português, com um sistema de comercialização de produtos oficiais no país sul-americano. A partir do próximo ano, porém, a iniciativa da equipe rubro-negra atingirá um novo status.
O próximo projeto do Milan é a construção de uma filial do Milan Lab no Brasil. O espaço é um centro de fisiologia que auxilia a comissão técnica a planejar e orientar o treinamento dos atletas da equipe italiana, com tecnologia oriunda das plataformas da Nasa (agência espacial norte-americana).
A construção do Milan Lab no Brasil, ainda sem local definido, começará na próxima temporada. Além disso, o clube italiano pretende abrir no país uma unidade da Milan Academy, centro de treinamento com estrutura padronizada e a marca da equipe.
Atualmente, o Brasil está entre os quatro principais mercados buscados pelo Milan – os outros são China, Estados Unidos e Japão. O clube italiano ainda aparece, ao lado de Barcelona e Real Madrid, entre os estrangeiros mais admirados por brasileiros."
Abraço
At 6:58 PM, Odair Porcolino said…
Fala aí "Florida Paulista".
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Verdade que o Ronaldinho seria atração jogando em qualquer clube brasileiro. Até pros "manos".
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Há dois anos Ronaldinho valia 50, até 100 milhões de Euros.
Hoje, vale 20?
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Como eu não considero ele em fim de carreira, apenas de saco cheio do Barça, com certeza algum time europeu vai aproveitar a "pechincha" e leva-lo.
Mas eu duvido que o Barça vai pedir só isso.
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Ele pode vir pro Verdão. Será bem vindo, he, he, he.
Recuperaremos ele até o final do ano. Depois ele volta pras "Zoropa", tal qual o "Imperador".
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Um abraço, nobre tricolino.
At 11:27 PM, Anônimo said…
Emerson,
Embora não tenha nada a ver com o conteúdo desse post, o debate sobre a transmisão do jogo da série B para São Paulo em detrimento do 1o. duelo da final da Libertadores é interessante, e vai além do aspecto simplesmente mercadológico. Li alguns de seus comentários no blog do Lédio e concordo que a Globo tem todo o direito de transmitir o jogo que melhor lhe convier, mas.....
Entendo que esse tipo de "negócio" deveria ser regulamentado por quem de competência, mesmo porque, embora as emissoras sejam empresas privadas, elas são antes de tudo concessões públicas e entendo que devem ser submetidas a determinadas regras em prol da coletividade, mesmo que não de seu interesse.
Entre elas sugeriria a obrigação da emissora veicular evento do qual tenha adquirido os direitos exclusivos de transmissão. Caso não seja de seu interesse, venderia esse direito a terceiros interessados, na forma regulamentada. Ora, do jeito que está, a Globo, cujo poderio econômico vai muito além do das outras emissoras juntas pode simplesmente adquirir esses direitos e não exercê-los, impedindo essa possibilidade a terceiros. Ou seja, transmite aquilo que deseja e impede o acesso das outras emissoras aquilo que descarta, mesmo que de interesse de parcela significativa da sociedade. Acho que uma mudanças dessas tornariam as coisas mais claras e democráticas, e com certeza todos nós lucraríamos com isso.
Abraços
e quarta que vem vamos superar o apagão de ontem
At 1:31 AM, Anônimo said…
Acho que se o ronaldinho fosse jogar em algum clube brasileiro, sem duvida seria no gremio. Primeiro porque ele ja se declarou varias vezes gremista de coraçao e segundo porque ele conseguiria melhorar a pessima imagem que ele tem la no sul por ter saido quase de graça do gremio. Ele nao é um jogador que precisa atuar no centro do pais para aparecer, por isso jogar no clube em que ele se criou seria a melhor opçao.
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