Ah, o Brasil...
Confesso que ando oscilando feito o pêndulo do relógio que ainda decora a sala da minha tia,
Teixeira mandará e desmandará
Valha-nos Deus!
Ricardo Teixeira será o imperador do Brasil.
Mais que isso, será um imperador absoluto, sem parlamento, sem coisa alguma a que prestar contas.
A Copa 14 é seu alvará o retorno de algo enterrado no passado da civilização, ou daquela parcela da humanidade que se considera civilizada: a monarquia absolutista.
Pelo estatuto da “ong” que cuidará da Copa 2014 no Brasil, Ricardo Teixeira terá poderes absolutos, acima do bem e do mal, acima dos poderes (mal ou bem) constituídos desse imenso bananal, também conhecido como sendo uma república federativa. Aliás, o povo no poder adora a palavra “republicano” e usa-a sem parcimônia. Também não entendem o que significa, mas, e daí? Usam-na do mesmo jeito.
Apesar disso, o presidente do bananal e vários gerentões, digo, governadores de diversos talhões bananeiros, vão em comitiva para a Suíça. Uma festa, bem como disse o festeiro Robinho em Madrid, ao dizer que a esbórnia ou coisa pior de que participou depois do jogo do time do Ricardo Teixeira, era uma coisa típica do Brasil e dos brasileiros. Partindo de quem partiu, com as histórias e comportamento que apresenta, não é de surpreender. Mas é de surpreender, ou deveria ser, a presença de gente tida como séria nesse “trem da alegria” copeiro a caminho da Helvetia.
O Brasil, nesse momento, dá-me nos nervos e dá-me engulhos.
O democrata Eurico Miranda...
... um verdadeiro modelo de administrador moderno, eficiente e democrata (Roberto Dinamite que o diga), proferiu uma frase de efeito bem a gosto de jornalistas, que repercutem-na sem citar o contexto:
“Que democracia é essa que o São Paulo prega, se seu presidente abandona reunião em que não concordam com ele?”
O ínclito presidente vascaíno refere-se à saída de representantes do São Paulo, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo, da assembléia em que foi votada e aprovada alteração estatutária no Clube dos Treze. Como sabem os leitores desse Um Olhar Crônico Esportivo, ao chegar para a assembléia os representantes desses clubes já encontraram tudo votado e aprovado, em menos de meia hora, contrariando a praxe das reuniões e assembléias da entidade, de só começar os trabalhos após a segunda convocação.
Realmente, há democracias e democracia.
Fora de hora e sintonia
O novo presidente corintiano prometeu votar com os outros 14 clubes aos quais se opõem os membros do G5.
Ao mesmo tempo, o novo presidente corintiano tenta convencer o presidente do Flamengo a deixar o G5 para, em conjunto, negociarem os direitos de transmissão pela TV, patrocínios, uniformes e licensing, além de outras medidas, como intercâmbio de atletas e imposição de tetos salariais nos dois clubes. Andrés Sanches era parte do grupo que esteve no poder por 14 anos no Corinthians e levou o clube e o time à situação em que se encontram. Agora investido de poder, comporta-se com a graça e sutileza de um rinoceronte em loja de cristais.
Enquanto isso, seu time luta desesperadamente para permanecer na primeira divisão do futebol brasileiro.
No Sul, comenta-se que Fernando Carvalho, considerado um dos melhores dirigentes do futebol brasileiro, teria conseguido trazer de volta para o aprisco as ovelhas desgarradas de Minas Gerais, o Cruzeiro e o Atlético, que aventuraram-se no vôo conjunto puxado por Flamengo e São Paulo e com a presença do Botafogo.
Não é de duvidar ou coisa para causar espanto.
A briga pelo poder segue intensa no Clube dos Treze. Ao poder, corresponde, como sempre, o dinheiro, além de prestígio e outras coisinhas (dizem que é afrodisíaco, um velho “viagra” tiro e queda). Dinheiro para os clubes e, não podemos esquecer, para os dirigentes, que, ao que consta, recebem bons salários da entidade. Coisa muito justa, diga-se de passagem.
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Marcadores: Boladas e Caneladas, Clube dos Treze, copa 2014, G5, Marketing e Dinheiro, Política e Futebol
3 Comments:
At 8:37 PM, Anônimo said…
Esse é o Brasil, é um bom retrato.
At 7:30 AM, Anônimo said…
muito medo dessa copa aqui!
At 7:52 AM, Anônimo said…
Desculpe-me, mas irei reproduzir um comentário de seu colega de profissão (o PVC), para esse post:
"O problema não é a infra-estrutura para o comportamento da Copa do Mundo. Com isso o Brasil dá um jeitinho.
O problema será o tamanho da corrupção e quanta verba será desviada, porque a fiscalização, seja por meio das organizações ou até mesmo da mídia, será intensa".
Bom, não foram exatamente com essas palavras, mas o sentido foi esse.
Eu, sinceramente, acho bom uma Copa do Mundo aqui no Brasil, mas com certeza o desvio de verbas vai ser enorme e, com certeza, iremos ultrapassar a média de verbas estipuladas para o projeto Copa 14, vide o Panamericano no Rio.
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