Um Olhar Crônico Esportivo

Um espaço para textos e comentários sobre esportes.

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sábado, outubro 18, 2008

Direções...




Parte I – Uma vista geral



No Brasil temos cartolas, muitos, e dirigentes de futebol, poucos.


Não perderei tempo com os primeiros, nem vale a pena. Geralmente, aliás, não perco tempo com eles, prefiro gastar meus dedos no teclado falando de dirigentes. Curiosamente, para espanto de muitos rubro-negros até, costumo relacionar Marcio Braga entre os dirigentes e não entre os cartolas, embora frequentemente eu o critique e outras tantas nem é preciso criticá-lo, pois a própria torcida se encarrega de descer o sarrafo em algumas de suas ações. Como cantar vitória antes do tempo. Já, já volto a esse tema. Hoje, no Rio de Janeiro, felizmente, os 4 clubes têm dirigentes à frente de suas administrações, embora mantenha meu pé muito atrás com o Dr. Horcades, com quem fiquei profundamente decepcionado nos últimos meses. Roberto está em fase de treinamento, digamos que seja um trainnee de dirigente, mas acredito nele. E Bebeto fez uma gestão brilhante no Botafogo, embora tenha se unido a companhias não muito agradáveis, mas isso é explicado pelas necessidades da política, que costuma ter razões que a própria razão desconhece.



No Sul, os dois grandes vêm sendo bem administrados, com alguns senões, já não é de hoje, sem novidade. No Nordeste, gosto do trabalho feito pelos dirigentes do Sport, que foi sério e sólido, sem nhenhenhém com politicalha, focando a ação no clube e no time. Resultado: uma Copa do Brasil conquistada com brilhantismo e a participação na Libertadores 2009, ao lado de uma boa participação no Brasileiro. No Centro-Oeste o Goiás é a prova inconteste do que pode fazer um trabalho sério, dedicado ao clube.



No Paraná, o Coritiba aprumou-se. Não por coincidência, depois de uma administração bem realizada. O CAP continua a ser um dos clubes mais modernos e inovativos em nosso futebol, e já citei aqui algumas ações e idéias muito boas desse clube. De outras, como a história de querer receber pela transmissão das emissoras de rádio, até discordei, mas o registro foi feito. Paradoxalmente, tem a dirigi-lo um cartola de péssima lavra. É a exceção que confirma a regra. Em Minas Gerais... Bom, os Perrela administram bem o Cruzeiro, aparentemente, e mais não digo. Preocupa, do outro lado, a situação do Galo, combalido e lutando para fechar seu centenário ao menos sem vexame. Seu presidente renunciou. Isso pode dizer muito ou nada. Para mim, disse e diz muito.


Na Bahia, enquanto o Vitória segue firme de volta à elite do futebol, o Bahia é assassinado por cartolas da pior espécie.

O clube não morre, a exemplo de outros, porque o torcedor tem paixão por ele e o mantém vivo.


Dirigentes e cartolas...



Por aqui, nessa Paulicéia que já foi desvairada e hoje é só neurótica e estressada, vejo o Palmeiras em situação confusa. Sua direção alça largos vôos, promete e tenta grandes feitos, mas em momento algum me convence da solidez necessária por trás de tudo isso. O Santos, que aprendi a admirar e já nasci (para o futebol) temendo, derrapa ano após ano na esteira de uma administração familiar. Pouca coisa há de pior que isso, lamentavelmente. Pelo Interior do Estado e na Grande São Paulo, vários clubes despontam com razoável sucesso graças a boas administrações. Quem está de fora logo grita “dinheiro público!”, mas quem acompanha mais de perto sabe que isso explica pouco e às vezes nada, porque o dinheiro público chega a ser inexistente ou limita-se ao fornecimento de um estádio. Curiosamente, não se tem notícia de nenhum munícipe reclamando dessas supostas ou verdadeiras injeções de dinheiro público.


Sem dúvida, isto é no mínimo algo a se pensar, não?


Deixo para o final o Corinthians e o São Paulo.


O primeiro renasce, a bem dizer, depois da fatídica gestão Dualib. Sim, fatídica, apesar dos títulos conquistados, pois eles em nada contribuíram para dar solidez e sustentabilidade ao clube. As parcerias todas funcionaram como truques, passes de mágica, ilusões de ótica que tiraram o foco da realidade e transferiram-no para os sonhos proporcionados por títulos. A gestão Sanches vem trabalhando no sentido de viabilizar – pasmem! – e dar condições de crescimento para o clube. Várias vezes este Olhar Crônico Esportivo falou dessa gestão, geralmente de forma positiva. Sanches tem ao seu lado um administrador altamente capacitado, com histórico brilhante de mercado e gestão pública, seu vice-presidente de marketing, Luiz Paulo Rosemberg.


O São Paulo continua indo bem, obrigado, apesar da falta do meia. Há muitos anos o clube é apontado como exemplo em administração. É mesmo, e isso apesar de erros, até porque ninguém está livre de cometê-los.



Ontem, uma tarde relativamente tranqüila, só interrompida por telefonemas de clientes, permitiu-me assistir a um dos melhores Arena Sportv do ano, graças à presença do presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, e do vice-presidente corintiano, o cérebro marketeiro e administrativo, Luiz Paulo Rosemberg.


Sobre a participação de ambos no programa falarei logo mais, em outro post.



Esse rápido passeio de norte a sul, que serve como uma introdução, mostrou, na minha visão, que há uma melhoria, uma evolução no trabalho diretivo em muitos clubes brasileiros. É pouco, ainda, e a necessidade de melhoria é gigantesca, mas há bons sinais no horizonte que isso vem ocorrendo.


Por trás dessa evolução eu enxergo a realidade dos campeonatos por pontos corridos e a ausência das famosas e tradicionais viradas de mesa, entre elas, porque não deixavam de ser isso, as constantes alterações nas fórmulas de disputa do nosso principal campeonato, sempre buscando acomodar um e outro, sempre tentando corrigir na caneta federativa a incompetência, ou coisa pior, de dirigentes de clubes.


Contribuiu para isso, mais que uma suposta seriedade confederativa, a implantação de um conjunto de normas e regras dentro do Estatuto do Torcedor que ganhou a forma e a força de lei. Não se trata, portanto, de uma evolução natural, e sim de uma evolução ditada por fatores externos, mas, bem ou mal, é uma evolução e está em andamento.


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