Eppur si muove... Coisas da Dona FIFA
Tanto a Terra, na frase atribuída a Galileu Galilei, como a FIFA se movem. No caso dessa mastodôntica associação que cuida do futebol mundial, não é preciso ser um gênio como Galileu para observar seus movimentos, mais acelerados nos últimos 20 anos. O curioso é que os movimentos da FIFA passam a ilusão que ela está parada, mas é só ilusão.
Nessa semana tivemos a consolidação de alguns e o fortalecimento de outros.
Mais força e visibilidade para os clubes
Na seqüência dos eventos que levaram à criação da ECA, o Grupo de Trabalho criado naquela oportunidade e formado por representantes de 18 clubes de todo o mundo, se reuniu na Home of FIFA para discutir sobre a maior intervenção e participação dos clubes nos processos de tomadas de decisões da FIFA. Decidiu-se na reunião que será proposta a transformação desse grupo
Joseph Blatter e o presidente desse Grupo de Trabalho, Ricardo Teixeira, “destacaram a importância da reunião e elogiaram a compreensão, flexibilidade e solidariedade demonstradas pelos clubes.” Entre outros assuntos apresentados para discussão, estiveram o calendário internacional e a liberação de jogadores para as seleções.
Vamos à relação dos clubes que fazem parte da Comissão Permanente:
Urawa Red Diamonds - Japão
Etoile Sportive du Sahel - Tunísia
ASEC Mimosas - Costa de Marfim
River Plate - Argentina
Palmeiras - Brasil
Bayern Munchen - Alemanha
DC United - USA
Waitakere United - Nova Zelândia
Olympique Lyon - França
Real Madrid - Espanha
FC Barcelona - Espanha
AC Milan - Italia
Olympiacos CFP - Grécia
Jomo Cosmos - África do Sul
Al Ahly - Egito
Club América - México
Atlético Nacional Medellín - Colômbia
Club Universitario de Deportes - Peru
Ausentes:
Mohan Bagan AC - India
Manchester United - Inglaterra
Chelsea FC – Inglaterra
Contrariando o que esse blog disse, acabou havendo um representante de clube brasileiro na reunião desse grupo de trabalho, identificado como sendo do Palmeiras. Terá sido o Mustafá Contursi, que esteve ligado ao R Teixeira por muitos anos? Nada há a respeito no site do próprio clube, curiosamente. Também nada consta no site da CBF, onde, em compensação, podemos ler a respeito da disputa de videogame entre Julio César e Renan.
De qualquer forma, tudo indica ter sido uma presença apenas protocolar, uma vez que nada foi discutido com os clubes por aqui, ao menos publicamente.
“6 +
A Comissão de Futebol, presidida por Franz Beckenbauer, considerou que essa regra, menina dos olhos de Joseph Blatter, é “necessária e aconselhável desde um ponto de vista moral”, mas expressou algumas reservas a seu respeito.
O próprio presidente da entidade defendeu a proposta diante da Comissão. Basicamente, ela consiste que um clube deve iniciar uma partida com pelo menos 6 dos 11 jogadores em condições de defender a seleção nacional do país ao qual o clube está ligado.
Simplificando, 6 nativos + 5 estrangeiros.
A seguir, parte da defesa apresentada pelo presidente da FIFA:
“Através dos anos e décadas, ao contratar mais e mais jogadores estrangeiros, os clubes vêm perdendo gradualmente sua identidade, primeiro localmente e regionalmente, e agora inclusive no âmbito nacional, pois em alguns casos todos os jogadores vieram de outros países e até de outros continentes. (...) Os jogadores jovens perdem a motivaçao, ao mesmo tempo que diminuem suas perspectivas de poder jogar algum dia no primeiro time de seu clube do favorito. As competições entre clubes poderosos com prêmios pecuniários exorbitantes para os clubes participantes têm marcado uma sociedade de dois estratos em muitos países, ao mesmo tempo que se tem ampliado a distância entre os que têm e os que não têm. Só duas ou três equipes disputam o título do campeonato, e todos os demais clubes lutam para não serem rebaixados.”
Palavras fortes, sem dúvida, mas que dificilmente mudarão o rumo dos acontecimentos, não só na Europa, alvo principal dessa medida, como também na América do Sul, que no caso funciona como fornecedora da maioria dos jogadores e, futuramente, se aprovada, será a responsável pela maior parte dos “
Muitos especialistas julgam ser muito difícil que a União Européia concorde com esse tipo de limitação, uma vez que ela iria de encontro à idéia e à prática de um continente sem fronteiras, com livre trânsito das pessoas e liberdade plena para trabalhar
Além das discussões sobre esse tema, a Comissão de Futebol discutiu os campos de grama artificial. No recente Mundial Sub 20 disputado no Canadá, em 29 partidas realizadas em gramados artificiais houve menor número de contusões que nas 23 disputadas nos campos com gramados naturais. Aparentemente, a tendência é esses gramados ganharem mais espaço, principalmente nos países mais frios.
Scudetto para o Campeão Mundial
Talvez tenha sido apenas coincidência, mas depois que um clube europeu venceu o Mundial pela primeira vez, já em sua quarta edição, a FIFA criou um distintivo – que esse blog toma a liberdade de chamar de scudetto – que será usado na camisa do campeão mundial de clubes durante a vigência de seu título.
A entidade já adiantou que os campeões anteriores – Corinthians, São Paulo e Internacional – receberão distintivos correspondentes, só que agora apenas para seus memoriais ou, se os departamentos de marketing agirem com rapidez, também para camisas comemorativas com scudetto.
Agrada-me esse scudetto, e vou além: chegou na melhor hora. Nacionalismos à parte, se ele tivesse sido criado em 2000, 2005 ou 2006, não teria o mesmo impacto e a mesma penetração que terá agora, entregue ao Milan. Durante toda a temporada os rossoneri desfilarão seu scudetto de Campeão Mundial – com muito orgulho, como disse Kaká – em todos os jogos e competições. Os outros times top da Europa, que sempre olham com mais ou menos desdém e narizes franzidos para o Mundial de Clubes, encararão a competição de forma diferente, ainda mais se o scudetto cair no imaginário do torcedor comum, o torcedor que compra camisas, chapéus, brindes de todo tipo, vai aos estádios e assina os pacotes de TV.
Com essa simples medida, foi agregado muito valor ao Campeonato Mundial de Clubes, e valor simbólico, que é o que mais conta no futebol e no imaginário de seus adeptos (em homenagem aos leitores portugueses desse Olhar Crônico Esportivo).
A meu ver, uma boa jogada da Dona FIFA, que está longe de estar enferrujada, concordando ou não com suas medidas.
É a FIFA se movendo.
Marcadores: ECA, FIFA, Futebol europeu e resto do mundo
3 Comments:
At 10:32 PM, Anônimo said…
A FIFA se move muito bem quando o assuto e faturamento, so nas regras do futebol ela se move lentamente, e eu concordo que assim deva ser, portanto como dizes,para o bem ou para o mal ela se move com excelencia.
A Inter quase Tri Italiana normalmente entra em campo somente com Materazzi de Italiano....
O Chelsea normalmente não conta com ingleses em suas linhas titulares....a ideia 6+5 pode não vingar, seria pessima para os jogadore spois encoilheria omercadop, mas seria otima para nos torcedores brasileiros que teriamos mais bons jogadores pro aqui por mais tempo...liberdade para se trabalhar onde melhor convier ao cidadão eu quero sempre, mas ....
Abraços.
At 11:53 PM, Daniel F. Silva said…
E olha que a FIFA nem permitia a inclusão de seu símbolo em uniformes de equipes. Será que com seleções campeãs de Copa do Mundo ocorrerá o mesmo no futuro?
At 10:28 AM, Guilherme said…
óbvio que essa asneira de scudetto é mais uma imbecilidade do Blatter que considera apenas as conquistas da sua gestão ignorando inclusive as do seu padrinho Jean Marie Havelange. Onde estava a FIFA há 10 anos? A Copa do Mundo é disputada desde 30 e só 70 anos depois resolveram "criar" uma competição de clubes? Hard to believe... O silêncio da imprensa a isso é o que mais irrita.
DÁ-LHE GRÊMIO!!!
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