Bairrismo, o mal de nossos clubes
Rio de Janeiro x São Paulo?
Bobagem, não é a esse bairrismo (*) tolo e senil que vou me referir, mesmo porque nem vale a pena perder tempo com esse tipo de coisa. Vou falar do bairrismo como sinônimo dos limites dos times brasileiros.
Nossos times, todos, não passam de times de bairro.
- Ah, mas o meu time é campeão mundial!
Bobagem.
- Pô, se liga, meu, o meu time é três vezes campeão mundial!
Bobagem.
Para provar como títulos, história, tradição, tamanho, número de torcedores, nada valem, transcrevo nota do Rodrigo Bueno na Folha de S.Paulo de hoje:
“Novo mundo
Reunião hoje entre o Comitê Executivo da Fifa e dirigentes de clubes define novas regras na relação entre seleções e times, dando seqüência ao acordo que acabou com o G14. Será determinado um critério para remunerar equipes pelos jogadores na Copa do Mundo - o mais provável é um valor padrão por atleta. Ainda serão riscadas normas para amistosos das seleções. A CBF, por exemplo, espera a confirmação de que terá os atletas 15 dias antes da Olimpíada de 2008 e mais três datas de amistosos até junho.
Excluídos. No encontro, estarão presentes cartolas de grandes clubes da Argentina, Alemanha, França, Espanha, Itália, Inglaterra, Grécia, México e EUA. Mas não foi chamado nenhum dirigente de time brasileiro. Como membro da Fifa, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, comanda o grupo de discussão do tema.”
Essa, leitoras e leitores do Olhar Crônico Esportivo, é a triste realidade de nossos clubes. Os negritos são meus, apenas para destacar, entre outras coisas, que dirigentes de clubes argentinos e mexicanos estarão presentes, mas nenhum dirigente de clube brasileiro estará ao lado deles. Pelo Brasil, tão somente Ricardo Teixeira, que não é e nunca foi dirigente de clube, mas dirige a Confederação, entidade que ao mesmo tempo é a responsável pela seleção brasileira. Ou seja, parte das discussões, talvez a mais importante, será sobre a relação seleções x times, e Ricardo Teixeira estará representando os times brasileiros. Algo inédito na história dos contos de fadas e da ecologia: a raposa falando em nome das galinhas.
Isso, infelizmente, só vem comprovar o que esse blog diz há tempos: nossos times involuíram, regrediram no tempo e no espaço, além das ambições, e voltaram a ser o que foram em seus inícios distantes: times de bairros.
Times de paróquias.
Times locais, com ambições locais, onde o importante é ganhar o leitão gordo oferecido pelo “Seu” Chico da padaria, para o time campeão fazer um belo assado. Comprando, é claro, as bebidas para a festa na padaria do “Seu” Chico.
Ao falar sobre o desenvolvimento e a verdadeira explosão de crescimento dos clubes europeus, Ferran Soriano (**) disse que eles mudaram sua visão de mundo e sua prática. Antes, eram times que dependiam, basicamente, da receita da bilheteria, como um circo. Hoje, têm suas receitas divididas entre televisão, marketing e matchday, e vão auferi-las em todo o continente europeu e no resto do mundo. Deixaram de ser times locais, dependendo de uma bilheteria local, para serem times globais, com receita global. A contrapartida disso, naturalmente, é sua importância junto aos organismos que ditam os rumos do futebol europeu e mundial. Isso tudo, porém, não passa de delírio distante para os nossos pobres clubes de bairros.
Desculpem, é muito ruim começar mais um dia com esse tipo de coisa, mas é tão somente uma pílula a mais da nossa realidade.
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Marcadores: BR e Futebol Tupiniquim 2008, CBF, Ferran Soriano, Palavra do Editor
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