Um Olhar Crônico Esportivo

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domingo, fevereiro 03, 2008

Comentários à toa

Sob o sol senegalês

Olhei para o celular: 11:11 da manhã, mas, na verdade, 10:11 pelo horário solar, que é o que conta na natureza. Apesar de horário tão matinal, o sol já estava quente, queimando, a um passo de gerar o popular calor senegalês, tão ao gosto dos velhos locutores de rádio.

Estava nos metros finais de uma caminhada de 9 quilômetros pelas alamedas da Fazendinha, um dos bairros da Granja Viana. As subidas, os trechos planos e, para mim, sobretudo as descidas, já estavam cobrando seu preço desse “corpinho”. O sol e o calor só aumentaram a cobrança.

Isso levou-me a pensar na rapaziada que entra em campo e começa a jogar, a correr atrás de bola, às três da tarde, horário solar. Sim, pois é esse, mais que nunca, o horário real, o que conta para os organismos. Três da tarde de verão tupiniquim é brabo. É quente pra burro. No sítio, as vacas simplesmente ficam na sombra, ruminando, descansando e pensando na vida vacum que levam. Inteligentes por natureza, não fazem esforço algum. Os bezerrinhos mais afoitos aprendem depressa que esse horário é para descanso e dormem profundamente. Nós outros, todavia, pensamos diferente, e reunimo-nos em grandes bandos, até de dezenas de milhares de indivíduos, e ficamos olhando 25 humanos correndo atrás ou por causa de bola em baixo da bola brilhante do Sol.

Isso só, porém, não basta: queremos que eles corram e se entreguem ao jogo como se estivessem em deliciosa partida noturna ao “som” de aprazíveis dezesseis graus centígrados. Tudo isso num momento em que a musculatura dos caras ainda está travada, despreparada para tão duras batalhas.

Pois é...

As vacas, como eu disse, são seres inteligentes.

Remédios e panacéias

Gosto de escrever sobre o marketing ligado ao futebol. Acho que já deu pra perceber um pouco, né? Tenho firme convicção que o bom futuro do futebol brasileiro passa pelo uso correto e cada vez maior das muitas ferramentas que o marketing coloca à disposição das equipes. Entretanto, o marketing sozinho não poderá dar conta dos graves problemas de nosso futebol. Pensar assim é transformá-lo em panacéia.

O mesmo ocorre com o Brasil. Muitos de nossos problemas poderiam ter uma abordagem mercadológica e, através dela e suas propostas, uma boa solução. Há, contudo, os muitos obstáculos para que isso não seja viável, os maiores dos quais de cunho político.

Não é diferente com o futebol. Muito do que deve ser mudado tem que ser através da política. Decisões políticas são responsáveis por muitas coisas ruins nesse e em todos os outros esportes. Algumas dessas decisões, ou ausência delas, nem são do mundo da bola, mas sim do mundo mais amplo da economia e da sociedade brasileiras.

A curto, e talvez a médio prazo, por mais que venhamos a investir e auferir ganhos com ações de marketing, não mudaremos um quadro básico que é a pobreza e a criminosa distribuição de renda existentes no Brasil. E o real crescimento do futebol e enriquecimento dos clubes a ponto de permitir-lhes competir com os europeus pelos melhores atletas (ou pelo menos por aqueles que não fazem parte da constelação de grandes craques), tem que passar, necessariamente, pelo crescimento do consumo do futebol no Brasil. Isso está fora da alçada dos clubes.

Pomo da discórdia

Tá no Painel da Folha de S.Paulo de hoje:

Foi mal. Cartolas santistas que estimularam Marcelo Teixeira a inflar o salário de Rodrigo Souto acham agora que o reajuste rachou o time.”

Esse filme é velho. É repetido. É chato. E a gente já conhece seu final, que raramente é feliz.

Dizem que para ter happy end, os coleguinhas todos teriam que ganhar igual ou próximo, e os que menos ganham teriam que ganhar bons aumentos percentuais, diminuindo a distância quilométrica entre os salários que costuma existir nessas situações.

Nesse caso, porém, quem não teria final feliz seria o clube.

Esse, por sinal, outro filme repetido.

Estrelas ascendentes e cadentes

Logo mais à tarde o Guaratinguetá entrará em campo atrás de sua quinta vitória consecutiva no Paulista. Se consegui-la, será líder isolado com dois pontos mais que a Ponte e três a mais que o São Paulo.

Fenômeno ou uma bolha de início de temporada?

Fenômeno não é, certamente, mas pode ser que seja mais que uma bolha típica dos começos de temporada no Brasil e em São Paulo em particular. Isso, o tempo e a administração do clube nos dirão. Por enquanto, sou apenas um observador sem direito a outro voto.

Do outro lado da moeda, o Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo sofreu sua segunda derrota consecutiva. Para quem é, é muito, é até demais, até porque a primeira foi para o Ituano e a de ontem para o Noroeste.

Aqui não há o que falar em “ascendente” ou “cadente”, pois trata-se, nitidamente, de um time em fase de montagem pelo treinador, sofrendo derrotas absolutamente normais nessa situação. Ou melhor, seriam normais, não estivéssemos nós em plena disputa do Campeonato Paulista.

Por falar em plena disputa, mais dois jogadores do São Paulo baixaram para a enfermaria: Dagoberto e Júnior. É o preço da disputa prematura.

Ao mesmo tempo, Muricy não terá Richarlyson e Hernanes, convocados para mais um caça-níqueis da rica e poderosa CBF. Como de praxe, a CBF nada pagará por isso.

Também quero ser dono da CBF!

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5 Comments:

  • At 3:47 PM, Anonymous Anônimo said…

    Se for esperarmos por distribuição de rend ano pais para termos força perante os gringos, esqueçamos.
    Nossos politicos, todos de um amesma matiz nunca ttemem mente a real distribuição d erenda, nunca teremos grande fortunas taxadas, heranças e etc...nunca teremos escola para todos..nunca teremos um monte de coisas porque não interessa a politicos um povo de barriga e cabeça cheias de comida e conhecimento.
    Mas o markteing tem melhorado muitoem alguns de nossos clubes e os que os seguirem perderão o bonde da historia...
    Agora o que diz o amigo sobre a camisa roxa em ano de segunda divisão do Timão?
    .
    Um dos proiblemas da adequação ao calendario europeu a meu ver e o forte calor em janeiro, jogos a tarde seriam de alto risco, e a TV como uma das maiores fontes de renda não abriria mão do horario, ou abriria?
    Abraços...

     
  • At 4:17 PM, Blogger Emerson said…

    Mas, Ambrosio...
    Já jogamos em janeiro do mesmo jeito, ou pior, pois os jogadores estão sem preparo físico.

    :o)

    Quanto à camisa roxa, não gostei do produto, mas gostei da idéia, que foi excelente e implementada na hora H. Cirurgicamente.

    Dê uma lida em meu post anterior, falo a respeito. Acho que o Andrés Sanches bolou uma "agenda positiva" para dar motivação ao torcedor, elevar sua auto-estima e, claro, tirar um pouco o foco do futebol, pois início de temporada é sempre complicado aqui em SP.

    Foi esperto, no bom sentido.

     
  • At 11:27 PM, Anonymous Anônimo said…

    Emerson, jogar em janeiro contra Rio Pretos e Cardosos Moreiras da vida acho diferente de enfrentar um campeonato brasileiro , mas concordo com o amigo que um dia teremos que igualar o campeonato.
    O Corinthians esta usando o que pode e o que não pode para fazer cortina d efumaça neste irregular inicio de temporada...acho sensacional as equipes brasielrias usarem o terceiro uniforme par afaturar, acho apenas que deve3riam conseguir com os pátrocinadores uma forma de estascamisas terem preços mais acessiveis...a maioria compra pirata por falta de recursos e não ajuda em nad ao clube...sei que clubes precisam arrecadar, mas fidelizar o torcedor seria importante...a terceira camisa deveria ser mais barata e trocada todo ano.

     
  • At 12:35 AM, Blogger Odair Porcolino said…

    Emerson.
    .
    O Luxemburgo tá dando nos nervos.
    O Palmeiras precisa contratar um lateral esquerdo de melhor qualidade.
    E também um atacante pra jogar ao lado do Alex Mineiro.
    .
    Bom ainda é cedo, mas vamos ver como se comporta esses novos contratados da Traffic.
    .
    Ah! tenho um cunhado que mora aí pra suas bandas.
    Fica na Estrada de São Camilo, já próximo a Carapicuiba, na Granja Viana.
    .
    Você nunca trabalhou com Marketing Esportivo?
    Você gosta muito do assunto.
    .
    Abraços vere-esperança.
    Odair Porcolino.

     
  • At 2:16 PM, Blogger Emerson said…

    É muito cedo, Odair.
    Dê tempo ao time e ao treinador.

    Teu cunhado deve ser meu vizinho, pois eu moro próximo da entrada pra Fazendinha, que é onde começa a rua que conduz a CArapicuíba. Minha casa tem o Armazém do Nicolau como referência.


    Ambrosio, não sei te responder sobre essa questão das terceiras camisas. Em tese, você está certo.

     

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