Um Olhar Crônico Esportivo

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sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Cobranças prematuras – Parte II


0x0... 0x1... 1x2... 3x1...

Resultados dos jogos de anteontem e ontem de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo, respectivamente.

0x0 – Pelo que pude ver, o time de Mano Menezes teve dificuldade em vencer a boa marcação do Sertãozinho, que, como é normal nos times do interior jogando em casa, ocupou o meio-campo com vontade e aplicação e atirou-se à frente. Os erros de passe ajudaram a deixar a superioridade com o time da casa.

0x1 – No caso palmeirense foi ainda pior. Diego Souza, a contratação-novela e badalada, estreou, mas o jogo, para variar, foi conduzido pelo bem marcado Valdívia. O Ituano teve várias chances claras de gol, mas marcou apenas um. O já sonhado “quadrado mágico” da torcida palmeirense – Diego, Valdívia, Lenny e Alex Mineiro – jogou meio-tempo junto, mas nada produziu. Talvez porque um ainda não saiba o nome do outro.

1x2 – Resultado terrível para o Santos, numa noite em que a bola não entrou e quando isso aconteceu, não valeu. No lance da cobrança de pênalti, confesso ter achado estranha a decisão do juiz, a princípio, pois julguei, como o locutor, que o lance foi invalidado pela invasão de área, mas não, o juiz invalidou porque o bandeira acusou posição irregular do goleiro antes da cobrança. Na cobrança válida, defesa de Renê. Antes e depois disso, o time totalmente mudado do Santos, com vários garotos vindos da base, dominou, atacou e não conseguiu marcar. Não faltou garra, não faltou vontade, não faltou nem mesmo muita correria, pelo contrário, os jogadores correram até demais. Faltou existir um time de futebol, coisa que Leão conseguirá, se permanecer, com mais algumas semanas de treinamentos.

3x1 – Único resultado positivo de um dos grandes, mas mesmo assim insuficiente na visão apressada, imediatista, da maioria dos torcedores e de muitos jornalistas, o São Paulo venceu o Rio Claro, mas com muita dificuldade, terminando o primeiro tempo sem abertura de placar. O Rio Claro não se intimidou e pressionou o São Paulo nos primeiros minutos de jogo, até sucumbir diante do acerto maior entre os jogadores tricolores. Que evoluíram no quesito “conjunto”, mas ainda deixam a desejar no quesito “passe” e também no “colocação”.

Tudo normal, entretanto. Ou melhor, deveria ser tudo normal.

Anteontem foi o 23º dia de trabalho do São Paulo e o 28º de Corinthians e Palmeiras.

O Santos foi “privilegiado”: jogou no seu 29º dia pós-temporada. A essa altura da já temporada, jogadores ainda estão estreando, como Diego Costa e Lenny. Outros estrearam tão somente 4 dias antes, como Bóvio e Carlos Alberto. Sintoma típico do início de temporada, o “cruzador” Jorge Wagner, anteontem, marcou um belíssimo gol, com um chute forte de fora da área direto no ângulo esquerdo da meta rio-clarense. Minutos antes, ao invés de alçar uma bola na área, ponto em que muitos consideram-no o melhor a fazer isso no Brasil, ele colocou-a em órbita da área. Mais um pouco poderia servir como satélite de comunicações. Bisonhice? Longe disso, simplesmente a musculatura, o equilíbrio, a noção de força e profundidade ainda não estão no ponto certo. Uma coisa é bater bola sem compromisso ou treinar ou disputar jogos amistosos, outra, muito diferente, é disputar um jogo válido por uma competição, ter a pressão combinada de torcida, direção e imprensa e, ainda por cima, enfrentar um adversário motivado, com jogadores que querem e precisam mostrar serviço, que disputam cada bola, todas as bolas, como se fosse o famoso prato de comida de Scolari.

As pressões crescem, em especial no Santos, onde podem resultar na queda de Emerson Leão, e no Palmeiras. No Corinthians, a “agenda positiva” de Andrés Sanches, tendo o marketing como foco, está dando certo e motivando a torcida, cujo comportamento é de apoio ao time, apesar de alguns resultados ruins. Apesar da invencibilidade e vice-liderança, Muricy vem sofrendo pressões no São Paulo e as críticas vão se avolumando. Se vencer a Ponte amanhã, conquistando a liderança isolada do Paulista, a paz voltará a reinar... Até o próximo empate ou a primeira derrota.

Luxemburgo tem personalidade, carisma e contrato fortes o bastante para tirar de letra o prenúncio de crise que ronda o Parque Antártica. A curto prazo deverá reverter a situação, ainda mais por dispor de bom elenco. Já o Santos está muito próximo de mais um ato desastrado de seu presidente, capaz de ceder às pressões das quais é ou deveria ser o único alvo, trocando Leão por outro nome. Consta que já procurou por Abel Braga, que recusou o convite e, ainda por cima, avisou Leão.

Tudo isso seria não normal, mas aceitável e compreensível, no final do campeonato e com os times amargando péssimas colocações. Mesmo assim, ainda não seria o caso, racionalmente, de tanta cobrança. Todavia, apenas terminou a quinta rodada do Paulista 2008 e amanhã começa a sexta rodada.

Mas já a sexta rodada amanhã?

A quinta terminou ontem!

Pois é, é assim que é no futebol do Brasil.



Post scriptum

Vejo em diversas matérias e comentários de torcedores a preciosidade que o Santos está na “zona de rebaixamento”.

Ora, com todo o respeito, falar em zona de rebaixamento na 5ª rodada de um campeonato com 19 é uma grande bobagem e apenas um componente a mais do item “pressão” sobre os times.

Na minha visão, essa colocação começa a ter algum sentido a partir da metade do campeonato e começa a fazer sentido de verdade, em seu terço final.

Antes disso não passa de pressão, inconsciente ou não.


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2 Comments:

  • At 9:51 AM, Anonymous Anônimo said…

    Emerson, bom dia.

    Mais uma excelente coluna, com apenas uma falha, o nome do jogador do palmeiras é Diego Souza e não Costa como vocÊ colocou.

    Marcio
    Votorantim

     
  • At 10:33 AM, Blogger Emerson said…

    Tsc tsc tsc...

    Muito lamentável, e isso porque revisei tudo que escrevi.

    Valeu, Márcio, muito obrigado pelo elogio e, sobretudo, pela correção.

    :o)

     

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