Carnavalices
Bobô e os bobos (*)
Bobô está fora do Brasil há três anos.
Foi lançado prematuramente no Corinthians, com 16 para 17 anos, assim como Jô.
No Brasil, disputou poucos jogos como titular, jogando, na maioria das vezes, por entrar no final do segundo tempo, geralmente em situações complicadas.
Como é normal no Brasil, foi lançado errado, foi cobrado de forma exagerada, foi xingado de forma estúpida.
E, para sua felicidade, foi negociado e foi embora para a Turquia.
Jogando na Europa – sim, pois a Turquia também é Europa, bem como é Ásia, amadureceu, não por estar lá, mas como decorrência de sua vivência.
Melhorou fisicamente, o que é de uma banalidade "doentia" para jogadores jovens.
Agora o diferencial europeu: melhorou taticamente e ganhou confiança, graças, sobretudo, ao fato de jogar mais vezes e não ter o fardo pesado a carregar nas costas que tinha por aqui.
Na Turquia, embora não jogue por um dos dois maiores times, o Besiktas, foi eleito o melhor atacante do país em 2007. Marcou 45 gols em 70 partidas, 39 dos quais
Pelo Corinthians, em quase três anos, marcou 5 – cinco – gols.
Sua convocação, nessa cretinice que são as convocações para os times da CBF, é justa.
Azar dos bobos que o criticaram na hora errada pelos motivos errados, e continuam criticando agora, dessa vez por puro desconhecimento.
Bobos que adoram criticar, que adoram descer o cacete em jogadores, justificando as diatribes pelo desempenho de alguns minutos em campo, dissociando isso completamente do todo que envolve o jogador.
Criticar, realmente, é muito fácil, não requer prática e nem tampouco habilidade e qualquer um faz.
Ah, sim, há tempos o nome de Bobô vem sendo comentado por quem acompanha o futebol turco, cujo campeonato está muito longe de ser uma baba, como muitos imaginam.
(*) Alguns amigos não chegaram a criticar, mas também não elogiaram a convocação de Bobô. É justo. O "bobos" do título não se refere a essas pessoas, mas sim aos críticos do jogador por "ouvir dizer" ou pelo gesso permanente numa imagem de anos atrás, quando o garoto era mais garoto ainda.
Nada mais brasileiro que a CBF – Confederação Brasileira de Futebol –, a entidade monárquica que rege os destinos de nosso principal esporte e componente básico, ao que dizem, da brasilidade.
Nada mais brasileiro, também, que o desleixo, improvisação e indigência com que um de nossos principais produtos de exportação, a carne bovina, tem sido tratado por esse governo e por outros mais. Na verdade, por todos.
A bem da verdade, porém, esse atual superou-se e superou os antigos, ao mandar uma lista-fantasma – creio ser esse o melhor nome – de fazendas em ordem para exportar carne para ninguém menos que a autoridade européia responsável pelo controle desse produto. O fato todo foi tão ridículo que os europeus perderam a fala, isso aqueles que gostam, conhecem e defendem esse imenso bananal.
Outros europeus, irlandeses principalmente, só faltaram sair às ruas fazendo um carnaval esquisito na neve e na lama gélida que recobre parte das cidades da Irlanda.
A mesma Irlanda que quarta-feira verá um jogo caça-níqueis do time da CBF – outrora conhecido como Seleção Brasileira – e para isso já esgotou todos os mais de 80.000 ingressos disponíveis para a partida.
Será um confronto interessante. Mais ainda seria se o time da CBF jogasse com alguma coisa do tipo “Brazilian meat – eat it!” estampado na camiseta, e o time irlandês o fizesse com “Don’t eat Brazilian meat” ou qualquer coisa parecida. O interessante desse confronto será somente isso, sua realização simultânea com essa crise na exportação de carne, pois, fora isso, como jogo, é tolo, dispensável, sem sentido, sem nexo, sem valor, sem, sem, sem...
Mas, com dólares.
Ao fim e ao cabo, é a única coisa que conta no reino da CBF.
Nenhuma nudez será castigada
Tão certo como os desabamentos e mortes de todo verão nas regiões serranas, numa repetição quase cronométrica e sem surpresas – talvez, por isso, desconcertando e deixando sem ação as autoridades (ir)responsáveis, abro o jornal e dou de cara com bela mulher nua. Totalmente. Ou quase, pois discretíssimo tapa-sexo cobre o desnecessário, nessa altura do campeonato.
Lamento,mas não vejo graça, nunca vi. Até porque na fase em que veria graça e babaria por isso, a nudez era algo muito privado, tão privado, naqueles tempos de censura, que nem nas revistas de “mulher pelada” ela aparecia.
Não entendam mal minhas palavras, por favor. Não vou alongar-me em explicações por serem desnecessárias, mas digo apenas uma coisa: a exposição absoluta da nudez tira todo o mistério, todo o encantamento, toda a imaginação, todo o erotismo que o corpo humano pode despertar. É coisa, dessa forma, sem graça.
Algumas imagens ligadas a açougues e animais vivos em seus habitats passaram por minha cabeça,mas não se preocupem, esse texto já está no fim, e vocês ficam poupados dessas cenas que minha cabeça visualizou.
Ok, sim, pode ser verdade, talvez eu seja um conservador chato e sem graça.
De volta à carne
De volta por que? – se nunca saímos dela nesse post depois do Bobô?
Hehehehehe... Um pouco de veneno.
Enquanto tudo isso acontece, na extensa, aconchegante e interessante fronteira com o Paraguai, bois, vacas e bezerros hermanos trafegam candidamente pelos dois lados da dita cuja. Não há placas, o que não faria efeito, já que bois, vacas e bezerros não sabem ler. Não há vigilância, não há controle, nada há, enfim, a separar os dois países. Tudo nos une, principalmente a aftosa, mal controlada do lado de lá e que ao entrar no bananal e contaminar nossas vacas, derruba nossas exportações em dois a três bilhões de dólares por vez.
No bananal, tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Isso, sim, é o que se pode chamar de um país confiável.
Parodiando H L Mencken – “Nunca ninguém perdeu dinheiro por subestimar a inteligência do povo americano” – podemos dizer que nunca alguém perderá dinheiro por subestimar a inteligência dos políticos brasileiros.
É isso. Por enquanto.
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2 Comments:
At 2:51 PM, Anônimo said…
Emerson,
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Como sempre mais um belo texto. E desta vez fazendo observações mais do que pertinentes a respeito deste lamentável governo atual, e sobre a avidez da "monárquica"(metáfora perfeita)CBF por dinheiro.
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No que tange a relações exteriores, comércio internacional e exportações, a subserviência é a marca registrada do governo Lulla. É o governo do "abaixa a cabeça pra gringo". Lulla conseguiu desmoralizar o Itamaraty, outrora reconhecido internacionalmente por sua competência.
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Já de CBF e seleção, estou de saco cheio há muito tempo. Falando em futebol, não me sinto representado pela seleção do Ricardo Teixeira e da CBF. As seleções nacionais são um câncer, que precisa ser extirpado do mundo do futebol o mais rápido possível. Só serve para desfalcar nossos queridos clubes, lesionar nossos jogadores, e deixa-los expostos aos mercadores de vidas, ávidos para leva-los para qualquer clube do 3° escalão no velho mundo. A Copa de 2006, além de mostrar que as duras lições aprendidas com o oba-oba de 1950 foram esquecidas, serviu também para mostrar a verdadeira face da CBF.
Caiu a máscara, money talks.
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Numa coisa a CBF do Ricardo Teixeira e o governo petista do Lulla estão juntos:
Na luta pelo direito de clubes ESTRANGEIROS sediarem partidas em sedes localizadas em até 4000 mts de altitude, em detrimento e prejuízo dos clubes BRASILEIROS.
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Olha o "abaixa a cabeça pra gringo" aí mais uma vez.
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Pobres clubes brasileiros...
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Um abraço, Rod
At 3:02 PM, Emerson said…
Heheheheehe...
Rod, falando em "mercadores", talvez nem seja bom você ler o próximo post, o "Açambarca e Engole".
:o)
Já as seleções têm longa vida à frente, ainda mais agora com a vitória Blatter/Platini sobre o G14.
Veja o post "ECA - Algumas considerações e informações", de 26 de janeiro.
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