Um Olhar Crônico Esportivo

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terça-feira, dezembro 12, 2006

Há algo de novo no ar...



... além dos aviões de carreira. E não é o balão da Goodyear; tampouco as seis ou sete centenas de helicópteros que congestionam o céu da megalópole.

A novidade está no futebol, ausente por motivo de férias da rapaziada, e trata-se do conversório que sai dos clubes, passa pelas torcidas e impregna os programas e textos sobre futebol em toda a imprensa.

O assunto em pauta é... Seriedade.

E todos estão falando sério a respeito.

Que eu me lembre, é a primeira vez que respira-se um clima geral de fazer as coisas dentro das possibilidades que cada clube possui, e não de acordo com as idéias mirabolantes de dirigentes mais preocupados com a própria sobrevivência imediata do que com a sobrevivência e saúde de sua agremiação. Todavia, como não poderia deixar de ser diferente, há um pequeno desvio ao padrão no Flamengo. Não chega a ser de estranhar para quem conhece a história do clube, mas, apesar disso, esse desvio dá-se numa proporção, numa magnitude muito inferior ao que ocorria até poucos anos atrás. É a exceção confirmando a regra.

De maneira geral, o que vemos é, em primeiro lugar, o básico: a manutenção dos treinadores. O Palmeiras demitiu seu treinador atual, Jair Picerni, ao que dizem pelo nada elegante telefone, e contratou o promissor Caio Jr. Bom, verdade seja dita, acho que ninguém esperava que Picerni ficasse à frente do time em 2007. E, há poucos dias ainda, uma declaração do jovem goleiro Diego criticando a ida do time para um hotel-fazenda serviu para dar uma amostra do clima interno. Em Florianópolis, o Figueirense também mandou embora Waldemar Lemos, que fez um bom trabalho, mas que nunca foi aceito pela comunidade.

Inevitavelmente, os bons jogadores têm sido negociados e outros mais ainda o serão, tão logo abra a janela de inverno na Europa. Os valores oferecidos são muito maiores e hoje, antes de qualquer outra coisa, o sonho de todo garoto é aparecer e ter a chance de ir pra Europa.

Errado?

Não, ninguém pode afirmar isso. Primeiro, por se tratar de direito de cada um trabalhar onde achar melhor. Segundo, porque as diferenças de valores são muito grandes. E para quem, na esmagadora maioria, vem dos estratos sociais mais pobres e miseráveis, esse tipo de oportunidade precisa ser agarrada e defendida com unhas e dentes. E há um terceiro ponto: ficar num clube por amor ou lealdade não traz nenhum benefício adicional a nenhum atleta. Uma contusão mais grave e adeus à carreira.

Com tudo isto, só no primeiro dia de fevereiro é que teremos a cara definitiva dos times que vão disputar as competições do primeiro semestre, que são os campeonatos estaduais e, para meia dúzia, a Copa Libertadores da América.

Até lá, tudo é conjetura.

Isso fora, os primeiros movimentos de compra e venda mostram as equipes mais responsáveis e preocupadas com a montagem de elencos possíveis para seus orçamentos. Se manter o treinador é importante, os clubes descobriram que manter os salários em dia é mais ainda. Sem receber, o jogador perde a concentração. Depois perde a motivação. Por último, perde a forma e a paciência, principalmente quando ouve as críticas da torcida e não pode responder.

Esse é, pela visão desse momento, o novo cenário do futebol brasileiro. Ninguém se destaca, pois ninguém está flutuando em sonhadoras e irreais nuvens, dando saltos maiores que as pernas e sem nada sólido em que se apoiar.


Com tudo isso, 2007 será um ano interessante.


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