¿Qué pasa?
¿Qué sucede con San Pablo?
Tempos estranhos...
O aquecimento global é uma realidade, mas o verão teve cara e gosto de inverno brando, em janeiro e fevereiro.
Terroristas, narcotraficantes e seqüestradores ditam os rumos da política externa de vários estados independentes da América do Sul e muita gente acha normal.
O dólar despenca e o real sobe. Mais um pouco e será mais barato fazer shopping na Florida que no Iguatemi aqui da Faria Lima.
Aquele que é celebrado em prosa e verso de norte a sul, leste a oeste, como o melhor time e melhor clube do Brasil, é agora a “geni” da vez. Jogam pedras sobre tudo, nem o famoso REFFIS escapa, nem a decantada diretoria se livra dos petardos.
Como em “A vida de Brian”, muita gente que não deveria atirar pedras está atirando, usando as proverbiais e circenses barbas falsas que Monty Python consagrou.
O disfarce é inócuo e bobo como no filme, mas é usado para disfarçar a moral e não o rosto. É compreensível.
Torcedores, talvez enfastiados com o histórico recente de conquistas, são os primeiros a pegar os pedregulhos. Os que chegam atrasados valem-se dos não menos proverbiais camelôs, vendendo os projeteis em sacolas com doze e seus múltiplos. Ninguém quer perder a festa, o happening do Morumbi. No blog Jogo Aberto, meu amigo Lédio Carmona elegeu o São Paulo como a decepção desses primeiros... 70 dias de 2008, ou primeiros 62 dias da temporada Tricolor.
Senhores, senhoras, 62 dias de atividades, é a isso que se resume a temporada. Entretanto,nesse curto período, a equipe disputou 15 partidas – quinze. Não foi a única, bem sei, há outras com o mesmo número de jogos. Nessas 15 partidas em 53 dias, ou um jogo a cada três dias e meio, Muricy Ramalho não conseguiu repetir a mesma formação uma única vez. Nem para remédio. Foram 15 jogos com 15 formações diferentes.
O São Paulo foi o grande clube que mais perdeu jogadores titulares: nada menos que três, um em cada setor da equipe. O Palmeiras perdeu apenas um e o Flamengo nenhum jogador, por exemplo (o caso do Corinthians não se encaixa aqui). Essas perdas desmontaram não tanto o esquema tático, mas principalmente a fluência do jogo do São Paulo. E, tão ruim ou pior, quebraram o encaixe que tinha o time de 2007. Por causa de três saídas, várias posições e jogadores foram mudados.
Pesa nos resultados o fato do time disputar um estadual que é, sem dúvida, o mais difícil do Brasil, onde, das 20 equipes, 4 estão na Série A do Brasileiro, 7 na Série B e mais algumas na série C. Vale dizer que o líder da competição, o empresarial Guaratinguetá, preferiu não disputar a Série C para não perder dinheiro. Obviamente, o grau de dificuldade num campeonato como esse é muito maior do que o enfrentado por clubes grandes de outros estados, alguns com campanhas excelentes. Boa parte da gritaria recente deve-se à derrota para a Portuguesa. Aparentemente, as pessoas parecem ter esquecido que a Lusa subiu para a Série A com um time bem montado, ancorado em forte e eficiente sistema defensivo, muito bem dirigida por Vagner Benazzi. Uma derrota para esse time, numa fase da competição como essa, não é anormal, nada tem de extraordinária.
O jogo contra a Portuguesa foi o terceiro em sete dias, numa seqüência que pode ser ampliada para quatro jogos em quatorze dias, com três viagens no meio, sendo que duas delas ocuparam um dia inteiro, praticamente, cada uma. Meros detalhes sem importância, aparentemente, principalmente para quem tudo vê de fora, sem vivenciar o dia-a-dia do clube e dos atletas.
O atual elenco Tricolor é reduzido, conta com 26 atletas, incluindo os juniores promovidos. Desse total, nada menos que 9 jogadores estavam sem condições de jogo na noite de sábado, dos quais dois por suspensão e os demais por contusões. Com apenas 17 jogadores em condições, sobrou um lugar no banco de reservas.
O técnico Muricy Ramalho diz que o time está cansado e o Depto. Médico tem vários casos para trabalhar. O que acontece com o São Paulo do famoso REFFIS?
Comentei a respeito disso ainda ontem no blog do Marcelo Damato. Transcrevo minhas palavras e a sua resposta:
“Isso (o número de contusões e o cansaço) vem me intrigando nesse início de ano, início de temporada.
Não conversei com ninguém da área a respeito, embora tenha essa vontade, mas acredito que times desarrumados expõem os jogadores a maiores riscos de contusões.
Associado à desarrumação, temos a forte pressão externa que parece acompanhar o São Paulo, tanto ou mais que clubes sem a mesma taxa de sucessos.
Jogadores tensos, estressados, atuando sem o famoso “encaixe”, desgastam-se mais, ficam mais cansados e, uma coisa é certa, mesmo sem falar com especialistas: pessoas estressadas são mais sujeitas a lesões.”
E a resposta do Marcelo:
“...acho que você tocou num ponto importante. Jogar num time desarrumado, os próprios profissionais do São Paulo já me disseram, aumenta a chance de contusão, pelo aumento do esforço e pelo estresse.”
Agradeci ao Damato pela confirmação do que eu vinha pensando, baseado em conversas e leituras diversas de outras situações, mas com pontos de semelhança. Ainda ontem, um torcedor são-paulino fez uma comparação entre o mesmo período desse ano e o de 2005, mostrando que os jogadores de 2005 estavam, em sua maioria nessa mesma altura, com um número de jogos bem superior ao dos atuais titulares. Bom, eis aí uma verdade incontestável, mas que serve para provar a importância de um time entrosado. Quando o jogo flui, as jogadas acontecem, cada um sabe onde ficar e todos sabem onde cada um está, os resultados acontecem e o cansaço é menor. Sem tensão, a recuperação física é mais fácil e mais rápida, pois há necessidade apenas de descanso e repouso para a musculatura. O cérebro é poderoso e interfere com o corpo de formas diversas, algumas nem sequer compreendidas em toda sua extensão, ainda.
Ao mesmo tempo, avolumam-se as críticas a jogadores como Juninho e Joilson, além de Hugo e até Dagoberto.
Impaciência e insatisfação são os sentimentos na ordem do dia. Contra eles é difícil que qualquer argumento funcione. São os mesmos sentimentos que num tempo recente mandaram embora do Morumbi dois dos melhores jogadores que por lá passaram, Kaká e Luiz Fabiano. Outro vocábulo que começa com “in” tem lugar nessa análise: intolerância. Os três, por sinal, em algum momento podem até ser sinônimos, tão grande é a afinidade entre eles.
Na minha visão, modesta e de fora, o time não está jogando bem porque ainda não existe um time. O São Paulo 2008 não está pronto, está em fase de ajustes e testes. Não sei até quando vai essa fase, como também não sei se ela será o bastante para fazer a equipe avançar nas competições que disputa, principalmente a Copa Libertadores. O que sei é que vivemos um período semelhante em tudo ao vivido em 2007. Para o são-paulino, ficar mais um ano sem conquistar a Libertadores será um golpe terrível. A torcida parece ter-se acostumado a uma conquista que é extremamente difícil e que exige boas equipes. No momento, paradoxalmente, o São Paulo encontra dificuldades para montar uma boa equipe. Vários jogadores que eram pretendidos pelo clube assinaram com outros. A mesma política salarial e administrativa que foi e é a razão do sucesso do clube, contribui, nesse momento, para o não fortalecimento da equipe. Muito ruim a curto prazo, mas, sem dúvida, correto e bom a médio prazo, desde que a equipe existente consiga manter um bom nível de apresentações e de conquistas, como fez em 2006 e em 2007.
Na minha visão, portanto, nada há de errado com o São Paulo.
O que enxergo é uma coleção de “ins”: insatisfação, impaciência e intolerância.
Uma comandando e alimentando a outra, num ciclo vicioso.
Al San Pablo no le pasa nada.
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Marcadores: BR e Futebol Tupiniquim Calendário 2008, Estadual, Libertadores 2008, São Paulo
3 Comments:
At 1:27 PM, DERLY. said…
análise perfeita,sem paixão,realmente
não dá para entender tanta impaciên
cia,afinal de 92 para cá o tricolor
ganhou todos os titulos importantes
falta só a copa do brasil,mas isto é
questão de tempo,vai entender,um abra
ço.
At 4:55 PM, ROD said…
É, parceiro...os últimos anos do SPFC, tão vitoriosos, levaram não só a torcida tricolor, bem como a imprensa especializada, à um nível de exigência aonde o trinômio -insatisfação, intolerância e impaciência- citado por você, se fará mais presente do que nunca.
É esse o ônus de um clube vencedor.
Paciência, amigo, take it easy...Sabe como se muda este panorama? Com ostracismo, com jejum de títulos por alguns anos. Você quer? Acho que não. Entre o ostracismo e a cobrança intempestiva, eu fico com a segunda e não abro.
Abraço,
Rod.
At 9:38 PM, Anônimo said…
e Miranda fora do cRássico!
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