Um Olhar Crônico Esportivo

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quinta-feira, julho 26, 2007

Pan Pan Pan Pan


Maurren!

Ontem tive o que foi, provavelmente, meu melhor momento desse Pan no Rio de Janeiro: a conquista da medalha de ouro por Maurren Maggi.

Uma medalha emblemática, uma grande conquista pessoal para quem ficou afastada da prática do esporte por longos dois anos, por conta de um doping involuntário. À época, Maurren foi a uma clínica dermatológica, por sinal muito famosa, fazer uma depilação nas pernas. Um tratamento de ação permanente, daí a realização em clínica médica especializada.

O tratamento pós-depilação consistia na aplicação de uma pomada cicatrizante, e essa continha clostebol, definido como dopante pela IAAF. Certo ou errado, constatado o doping Maurren foi duramente punida.

A máxima do anti-doping em todo o mundo diz que o atleta é o responsável por tudo que ingere ou aceita em seu corpo.

Ontem, simbolicamente, Maurren voltou, de fato, à ativa.

Um retorno à vida plena e ao brilho merecido. Há anos venho acompanhando sua carreira, desde o começo quando, recém-chegada de São Carlos, perdida na cidade grande, venceu uma competição de nível nacional em pleno Ibirapuera, lá pelos idos de 98, talvez até 97. Não recordo se ela venceu só o salto triplo, ou o salto em distância ou ambos. Não importa, desde então ela firmou-se como um dos grandes nomes do atletismo feminino brasileiro, disputando as duas provas com bons resultados internacionais.

Maurren foi suspensa em 2003 e retornou às pistas, de fato, em 2006.

Espero que a vitória de ontem tenha sido apenas a primeira de muitas.

Ouro cubano imbatível

Ninguém bate Cuba em algumas modalidades esportivas, mas a cada competição sempre há vários desafiantes. Mas há uma modalidade em que Cuba é soberana, campeoníssima disparada, sem sofrer ameaça de ninguém, ganhando, sistematicamente, ouro, prata e bronze: é a deserção.

Nesse Pan disputado no Rio de Janeiro, nada menos de 4 atletas abandonaram a delegação de seu país. Os dois primeiros, do handebol masculino, apareceram em São Paulo, mais precisamente em São Caetano do Sul, onde joga um ex-companheiro de seleção.
Os outros dois, boxeadores, ainda estão sumidos.

Curiosamente, a delegação e equipes americanas são vaiadas, enquanto a delegação e equipes cubanas são aplaudidas – desde que não estejam jogando contra brasileiros.

Explosão de alegria e movimentos

Fabiana Murer ultrapassou a marca de 4,60m no salto com vara.

Ganhou a Medalha de Ouro e quebrou o recorde pan-americano, em vigor desde 2003, no Pan de São Domingo.

O salto com vara é uma prova de grande beleza plástica, mas essa foto da Fabiana comemorando merece destaque.

Beleza, vigor, alegria, determinação, tudo e muito mais reunido numa só imagem.

A lamentar

Ainda não sabemos como nos comportar num estádio, num ginásio.

As vaias às delegações dos Estados Unidos, Venezuela e Bolívia foram lamentáveis e vergonhosas. Uma ofensa ao espírito dos jogos.

Mas não parou por aí. Em várias competições, atletas e equipes dos Estados Unidos foram vaiados, com o público confundindo a administração do país, algo passageiro, com a disputa esportiva. Eu iria mais longe e diria que a maioria absoluta vaia sem saber porque, tem como suporte apenas vagas palavras de ordem anti-Bush e anti-Estados Unidos. Bom, melhor mudar o tempo verbal: já disse. O curioso nessas vaias é que elas partem de pessoas cujo sonho dourado é viver em Miami, ou, pelo menos, viver como se fosse em Miami. Esquizofrenia pura, no sentido leigo do termo. Um bom exemplo dessa paixão irrefreável das classes médias tupiniquins pelo american way of life pode ser visto na Barra da Tijuca, na forma de uma réplica da Estátua da Liberdade em um templo de consumo. Esquizofrenia pura e simples.

E má educação, para não dizer ausência dela.

E o pior de tudo foi ver um dos ícones do esporte brasileiro, o ex-jogador de basquete Oscar, puxando vaias em plena disputa de ginástica. E não só contra os americanos, como também contra chilenos e outros. Uma prova, como se fosse necessária, da imbecilidade e ignorância que nos afligem.


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5 Comments:

  • At 11:33 PM, Anonymous Anônimo said…

    Émerson, não é querer defender, mas o Oscar confessou na Globo que puxaram as orelhas dele por causa das vaias. Falou com cara de criança arrependida que não sabia que na ginástica olímpica era feio vaiar. Falou com aquela sinceridade que beira um pouco o simplório, como é o jeito dele mesmo. Eu acreditei.
    Abraços

     
  • At 11:47 PM, Blogger Emerson said…

    Hummmmmmmmmm...

    Gigi, um cara que passou sua vida inteira ligado ao esporte de alta performance...

    Ou ele é de uma ingenuidade criminosa ou é muito mais tapado do que eu pensava.

    Essa postura já é condenável num torcedor comum, imagine num cara como ele?

    Mas, passou já. E hoje ainda tentaram vaiar a seleção americana de futebol. Brincadeira, viu... Felizmente, muito mais gente aplaudiu.

    Uma disputa olímpica - e é disso que se trata o Pan, em escala reduzida - é uma outra dimensão do esporte.

    Buenas, deixa quieto.

    :o)

     
  • At 11:02 AM, Anonymous Anônimo said…

    Hehehehhhe, acho que ele é muito mais tapado do que você imaginava.
    Bem, mas pelo menos ele se desculpou publicamente, o que já conta uns pontinhos.
    Mas em relação ao Pan, e ao comportamento das pessoas, concordo com tudo que você tem escrito.
    Abraços.
    Ps: Ressalva a torcida que ontem incentivou a menina do Canadá, quando aconteceu o incidente da fita.Foi bonito.

     
  • At 8:49 AM, Anonymous Anônimo said…

    Sobre a Maurren, tvz o passar dos anos estejam turvando minha memória, mas, pelo que me lembro, a história do creme cicatrizante não era considerada muito verossímel pelos médicos. E nem foi pelos julgadores. Daí a pena de 2 anos.
    .
    De qualquer jeito, foi uma brilhante volta por cima, tendo sido a sanção justa ou não.

     
  • At 4:31 PM, Anonymous Anônimo said…

    http://www.corinthiansnasegunda.kit.net/

     

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