Imbróglio à vista: CAP x Rádios
As rádios ganham dinheiro com o futebol.
Transmitindo, comentando, debatendo, gritando, fazendo piadinhas imbecis e cretinas, fazendo piadinhas inteligentes, só que raramente, lançando fofocas, trazendo informações no calor dos acontecimentos, transmitindo fatos e gerando, criando novos fatos elas próprias, pegando frases e repetindo-as infinitamente fora de seu contexto original, recriando a realidade, mas também dourando a realidade do futebol, incendiando paixões, despertando desejos, estimulando o torcedor, divulgando, enfim, de maneiras criativas ou repetitivas, não importa, o produto futebol.
Atualmente só ouço rádio no carro, mesmo assim só se for futebol, seja transmissão, seja programa informativo ou de debate. Mas, houve um tempo em que o rádio era tudo que tínhamos fora a opção de deixar alguns caraminguás na banca mais próxima e comprar o jornal do dia. Difícil, como tudo que é associado ao verbo comprar.
Há times que são o que são graças às rádios. O Flamengo é o melhor exemplo, bem como os outros três grandes clubes cariocas. Todos cresceram nacionalmente e viram suas torcidas aumentar por quase todo o Brasil graças às emissoras de rádio, principalmente a Rádio Nacional, que da capital da república levava o futebol da cidade para todo o país.
O rádio está no DNA do torcedor brasileiro.
Sim, o rádio ganha com o futebol, mas devolve muito para o esporte, hoje menos que antes, mas ainda devolvendo.
O Clube Atlético Paranaense – CAP – anunciou que só vai permitir a transmissão de seus jogos no próximo Campeonato Brasileiro se as emissoras pagarem por eles. Um preço, na minha opinião, bastante salgado: R$ 15.000,00 por partida ou R$ 456.000,00 o pacote pelos 38 jogos do clube. Sim, o CAP vai mais longe e diz que não vai permitir a transmissão nem mesmo dos jogos em que atuar como visitante. Fico com a impressão de ter faltado orientação e assessoria comercial à diretoria do clube, pois esse valor é completamente fora da realidade e da possibilidade do meio rádio, e também fico impressionado com a cobrança pelos jogos como visitante, o que é, no mínimo, muito questionável. Emissoras poderosas, como a Jovem Pan, dona de grande faturamento, sem dúvida, não transmitiram os jogos da Copa de 2006 em função tanto da cobrança em si, como dos custos da mesma.
Juridicamente, há um buraco negro envolvendo essa questão.
“Às entidades de prática desportiva pertence o direito de negociar, autorizar e proibir a fixação, a transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo ou eventos desportivos de que participem.”
Isso é o que diz a Lei Pelé em seu artigo 42. Não há menção explícita à transmissão via rádio, até porque fala em imagem, que no caso do rádio é criada pelo locutor para a imaginação do ouvinte.
A direção do CAP entende que “marca é imagem” e há juristas que acreditam ser possível entender dessa forma.
Em sua argumentação, o Atlético Paranaense diz que o assunto está
O tema no Clube dos 13 – pelo que acompanhamos das discussões – não é prioritário e esse Olhar Crônico Esportivo apurou que o único resultado que surgiu na reunião em que discutiu-se o assunto, foi apenas uma forte oposição à cobrança. Muitos clubes entendem, como esse blogueiro, que o rádio ajuda na divulgação do futebol, atingindo todas as pessoas, de todas as classes, em qualquer lugar e momento. Entre os opositores está Fernando Carvalho, do Internacional, um nome de respeito, sem dúvida. Pessoalmente, considero difícil que essa pretensão vá adiante no “Treze”.
Se aprovada, essa medida teria um impacto muito grande, extremamente forte sobre o mercado de mídia. Ainda não tenho informações a respeito, mas tão logo receba-as repassarei para vocês.
Esse assunto é complexo e poderá ir muito longe, pois o número de envolvidos é gigantesco, desde minúsculas emissoras interioranas até as gigantes da área, como Pan, Band, Globo e Record, entre outras. Mais: direitos de arena dos jogadores, direitos do time mandante, e muito mais.
Rádio é informação livre, instantânea e ao alcance de todos.
O futebol faz parte da informação.
O Olhar Crônico Esportivo é contra essa cobrança e a favor da liberdade de transmissão pelas emissoras de rádio.
P.s.: agradeço ao GUERRILHEIRO DA BAIXADA pelo comentário e pelos links, que foram de grande ajuda, poupando-me a pesquisa.
.
Marcadores: CAP, Clube dos Treze, Legislação;, Marketing e Dinheiro, Midia
9 Comments:
At 3:12 PM, Anônimo said…
Oi Emerson.
Ainda não sei se sou contra ou a favor (muito elucidativo não é?rsrsr).
Bem, o fato é que as rádios, assim como emissoras de TV, vivem de patrocínio.
Leia no JA o que andei apurando.
Maaaaas além do que está lá, descobri que as emissoras de rádio, já pagam (e muito) a Fifa pelo direito de transmissão ao vivo dos 64 jogos do Mundial, coisa que eu pelo menos não sabia.
....
Sigo então, pensando sobre o assunto...
Abraço
At 3:48 PM, DERLY. said…
Caro emerson desculpe fugir do tema
mas o jogo de ontem provou a tese que
mesmo o tricolor abaixo do normal teve chance de colher pelo menos um
empate,agora a máxima de quem não faz
leva é verdadeira,e como joga o herna
nes hem,que craque,pena o são paulo
não ter mais uns dois como ele,um
abraço e bom final de semana,depois
dou meu pitaco sobre as rádios.
ronaldo derly
At 3:52 PM, Anônimo said…
Putzzzzzzzzzzz este tema me pegou com as caRças na mão ( como diz no interior ).
...
Vou pensar e depois volto com uma opinião, mas que tema interessante só.
At 5:08 PM, DERLY. said…
caro emerson também acho dificil essa
moda pegar,eu mesmo só me interessei
por futebol devido as transmissões de
rádio Nacional e Globo do rio de janeiro quando morava no interior de
minas,e até hoje curto escutar um jo
go pelo rádio,muitas vezes abaixo o
som da tv e acompanho a narração do
radinho de pilha e só vou ao estádio
munido do mesmo,abraços.
ronaldo derly
At 9:16 PM, Anônimo said…
Emerson, eu ia escrever um post sobre o assunto ontem no Blá blá Gol mas resolvi para embasar melhor o artigo enviar um e-mail para a assessoria de imprensa do CAP (via site do próprio) perguntando à respeito de como se daria tal cobrança.
Além de várias perguntas, indaguei o seguinte:
- Se uma rádio compra o pacote para os 38 jogos do CAP, e quando o mesmo vai jogar contra um outro time, por exemplo, Vasco, e o Vasco resolve que vai cobrar R$50.000,00 por jogo. Como fica a rádio que comprou os direitos do CAP?
Outra que fiz, imagino que isso proibiria uma rádio carioca, por exemplo, de transmitir um jogo de um time do Rio para o Rio de Janeiro?
Não sou contra isso, mas questionei como procederia.
Não obtive resposta até o momento.
At 2:11 AM, Anônimo said…
Emerson, procurando no Google sobre um assunto que não tem nada a ver com futebol, acabei encontrando seu blog sem querer e me deparei com este assunto da possível venda da "imagem" da partida do Atlético. Um texto muito bem escrito e com "um olhar" sobre o tema bem legal.
Tenho um blog que me dedico ao time que torço (Vitória), ainda engatinhando, mas só pelo prazer de falar do meu time do coração.
Deixarei seu link em meu blog para eu lembrar de vez em quando ler outros posts... até!
At 2:12 AM, Anônimo said…
Ops! Acho que não coloquei o link do blog...
www.ecvitorianoticias.blogspot.com
At 8:53 AM, Anônimo said…
Sou apaixonado por radinho de pilha. Desde 1971, já comprei uns 50. Gosto mais de rádio AM do que televisão. Todos os santos dias eu escuto a Rádio Globo-RJ.
At 2:48 PM, Anônimo said…
interessante o tratamento dado ao assunto .
Fica pautado o "amor" a transmissão radiofônica porém a base do assunto não é a liberdade de transmitir e sim a cobrança por ela.
Um exemplo bem simples é vc tem um espetáculo pronto---Teatro ,filme
reproduz para outros e cobra e é cobrado por isso .
Futebol-espetáculo ---> gratuito e cobra-se dos anunciantes para com a audi~encia do futebol e seus artistas bancarem a rádio que tem CONCESSÃO POLITICA para funcionamento e que para quem não sabe paga salário miseros a seus funcionários exceto algumas de grande porte.
pergunta QUEM ESTÁ "EXPLORANDO"?
Postar um comentário
<< Home