Vasco vai continuar com a MRV

Em declaração para a Máquina do Esporte sobre o atual acordo com a MRV e a possível mudança para outro patrocinador, o gerente de marketing do Clube de Regatas Vasco da Gama, Marcus Duarte, disse: "Ainda não sentamos com a empresa para definir o rumo do contrato, mas nossa idéia é continuar com eles em 2009 e, quem sabe, até 2010. Houve um fenômeno no Vasco nos últimos dias. Com a disputa eleitoral, criou-se a expectativa de que haveria um monte de investidores na porta do clube oferecendo dinheiro, mas não funciona dessa forma."

Falou-se que patrocinadores fortes apareceriam quase por mágica, do dia para a noite, mas a realidade é mais dura e inclemente do que os sonhos. Vivemos isso na pele com a redemocratização do país há muitos anos. Os nomes Volkswagen e Santander foram pronunciados como patrocinadores, mas como este Olhar Crônico Esportivo já adiantou em passado não muito distante, o banco espanhol não vai patrocinar nenhum clube, até porque seria muito estranho patrocinar a competição inter-clubes mais importante do hemisfério e, ao mesmo tempo, patrocinar um clube que em uma ou mais edições disputaria a mesma competição. Um verdadeiro anti-marketing.

Despida a cortina erguida por Eurico Miranda, a verdade dos números vascaínos mostra uma dívida gigantesca, no mesmo patamar da que inferniza a vida do Clube de Regatas do Flamengo, assim como as do Fluminense e Botafogo. Sinceramente, é difícil imaginar como proceder nessa situação. Há tempos venho elogiando, dentro do possível, as gestões Braga e Bebeto, muito mais por seu realismo no trato com esse monstro, do que por mirabolantes decisões salvadoras que, bem o sabemos hoje, não existem, e se aparecem pipocando aqui e ali são tão falsas como notas de sete reais.

O que têm feito esses dois presidentes para merecerem elogios? Simplesmente, vêm tentando manter as despesas num nível confortável e pagar o máximo do que devem, pirotecnias “kleberleitianas” à parte.

Essa postura realista de Roberto e sua direção deverá atrair críticas pesadas, principalmente dos que foram desalojados do poder mantido por décadas e que levou a esse descalabro. O pior dessa história é que esse pessoal terá a cara-de-pau de criticar a nova gestão. Coisas da vida.

Sobre esse patrocínio em particular: nunca acreditei nos fantasiosos valores propalados à época em que o acordo foi fechado (ver, a respeito, o post de 1º de fevereiro desse ano), mas julgava-o baixo, e continuo pensando da mesma forma, considerando o mercado e a penetração do clube. Um problema é que a marca MRV é muito menor que a marca Vasco, geograficamente falando. Um patrocinador com presença nacional seria muito mais interessante e exploraria melhor a visibilidade proporcionada pelo time, coisa que a MRV, de ação regional, não faz.

Por outro lado, um patrocinador quer sempre ver seu nome associado a vitórias – não necessariamente a títulos, claro – e isso, desafortunadamente para Roberto, não vem acontecendo com a freqüência que seria saudável. O pior, ainda, é que a perspectiva até o final do ano não é das mais favoráveis.

Analisando a realidade com olhos técnicos e empresariais, a postura de manter a MRV e pensar e planejar com os pés bem firmes no chão pode ser a mais interessante num primeiro momento, ainda que para o desconforto de grande parte da torcida vascaína.

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