Nilmar – o fim está longe + Post Scriptum
Essa novela “Nilmar” lembra-me a famosa “Redenção”. Famosa para mim, claro, que já completei cinquentinha há quase três anos, e, mesmo assim, dela só peguei o final, pois quando começou, na finada Tv Excelsior, Canal 9, minha família ainda não tinha alcançado o nobilíssimo status de ter um televisor na sala de visitas, claro que no mais nobre local da dita cuja, pequena e acanhada. A novela-novela “Redenção” deve ter durado algo como três longos e torturantes anos.
“Nilmar – a história sem fim”, outro bom nome para esse blockbuster futebolístico, é capaz de chegar perto disso. Já não duvido.
Ontem foi um dia engraçado. Informações e contra-informações voaram de lado a lado, como naquelas fantásticas guerras de bolotas ou “mísseis” de papel, que a gente travava nas classes, alegre prolegômeno das guerras nada engraçadas travadas nas salas de aula de hoje. As bolotas iam e vinham, umas acertavam seus alvos, a maioria errava e se perdia pelo espaço. Outras, não poucas, acertavam quem nada tinha a ver com a história. Às vezes destrambelhava, às vezes as autoridades constituídas apareciam de sopetão e o final da guerra era marcado pela fila de soldados capturados, cabisbaixos e apavorados com seu destino, a caminho do temível campo de concentração montado na sala do diretor, ser mítico e todo-poderoso. Quanta diferença.
Esse dia de ontem mostrou alguém próximo dos diretores escolares da velha guarda: Vanderlei Luxemburgo. Em meio à guerra, Vanderlei foi visto almoçando em fino restaurante dos Jardins, com Nilmar. Outros dizem que foi com o empresário. Enfim, foi visto almoçando em fino restaurante (claro), com gente ligada ao astro do momento. O mais fantástico, para mim, é que ele também treinou o time do Santos, ao que tudo indica na parte da tarde, com a barriga cheia. Que disposição! Realmente, invejável. E, nesse treino, ele teria atendido a uma ligação no celular, que deixou-o de cara amarrada. Pior que isso: no dizer de uns arremessou o fone longe. No dizer de outros, tão dignos de crédito quanto uns, teria jogado e pisado no aparelhinho. E o pior: sem se dar ao ecológico trabalho de sacar antes a bateria do dito cujo, peça sabidamente dotada de altíssimo poder poluente e, ao que dizem, passível de explodir nas orelhas mais bem informadas daqui e do mundo.
Ora, ao saber disso eu fui claro e direto: obviamente, tal ligação teria a ver com o desfecho do destino de Nilmar. Se ele, Luxemburgo, tivesse apenas ficado com a cara feia e soltado meia dúzia de palavrões, o jogador teria fechado com o Internacional. Porém, com o arremesso, seguido ou não de pisoteio, parecia claro que Nilmar teria fechado com o São Paulo.
O mesmo São Paulo que disse, logo no começo do dia por meio de alguém da direção, que Nilmar já era, estava descartado, e naquele momento assinava com o Internacional e um grupo de empresários que anda se aventurando, digo, investindo no futebol, ou melhor, nos jogadores, já que no futebol ninguém investe, nem mesmo a CBF.
O dia de ontem foi pródigo em números.
Nilmar vai ganhar 125.000 no Inter.
Nilmar vai ganhar 100.000 no Inter.
Nilmar vai ganhar 125.000 do Inter e terá seu salário complementado pelos investidores.
Ora, ora, ora, a única coisa consistente no Caso Nilmar desde seu começo como caso – e os leitores desse blog puderam acompanhar – foi seu intenso amor, seu e do da Hora, pelo dinheiro. Desde o começo, da Hora e Nilmar e vice-versa, deixaram claro que jogar em terras tupiniquins só a troco de 350.000 mensais, valor que chegou a 390.000 e assim se manteve por um bom tempo, até cair dez por cento e ficar estabilizado em 350.000. Desinformados disseram, mais sonhando que acreditando, que ele fecharia por 250.000.
Sem chance. O próprio pai do jogador – moderno equivalente da antiga “mãe de miss” – disse mais de uma vez que seu filho só jogaria por aqui por um bom dinheiro. E, para ele, 250.000 não é bom dinheiro.
É...
Pois é...
Mais números: o Inter teria comprado 50% dos direitos federativos do jogador.
Não, o Inter comprou 50% de 50% dos direitos, ou seja, 25%.
O restante, seria do jogador, exceto na segunda opção, quando outro quarto seria dos empresários.
Empresários que, dizem hoje, teriam comprado 60% dos direitos.
Não, não, compraram 65% dos direitos federativos de Nilmar.
De concreto, ou de gelatina, o valor dos 50% ou dos 25% + 25% seria de oito milhões de reais, algo como 3 milhões de euros. Sabendo-se que a MSI comprou, mas não pagou, dez milhões, e que ao Corinthians competirá pagar em data incerta e não sabida oito milhões por nada, 3 milhões pela metade é algo razoável, ainda mais lembrando que Kia e seus investidores pagaram dois milhões de euros pelo privilégio de vê-lo jogar pelo Corinthians o que jogou.
E assim amanhece essa sexta-feira, 14 de setembro, último dia para inscrição de jogadores no Campeonato Brasileiro de 2007. Portanto, é hoje ou só em 2008 que Nilmar saberá se volta ou não a jogar bola. Hoje, até as 19:00 horas, também conhecida como sete da noite, ou como diz o infeliz naquele programeco oficial tenebroso: “Em Brasília, dezenove horas...”
Atenção: a sexta-feira não amanhece pacífica.
Breno Tannure, advogado do jogador, disse que ainda hoje o Corinthians deve dar entrada com pedido de recurso suspensivo na 2ª Instância da Justiça do Trabalho. Ou seja, o comprador dos direitos federativos de Nilmar poderá fazer tudo, menos “federá-lo”, ou seja parte II, pagará para ter o jogador sem jogar.
Enquanto isso, dizia-se ontem
Enquanto isso, Juvenal Juvêncio remoía no Morumbi seu desejo frustrado de entregar a Muricy a dupla de ataque de seus mais dourados sonhos: Nilmar e Dagoberto. Deve ter pensado muito no poder de sedução do dinheiro.
Enquanto isso, Luxemburgo deve estar remoendo a raiva profunda que provocou a aparente impossibilidade de fechar o negócio e ter Nilmar a bordo do Peixe 2008 e, quem sabe, do Peixe 2007, ainda.
Enquanto isso tudo se “não” desenrola, Nilmar corre o risco de ver o efeito suspensivo atendido e deparar-se com a realidade nua e crua: ficar sem jogar até janeiro de 2008, na melhor das hipóteses, sem nada ganhar do dinheiro pelo qual tanto amor tem, ou voltar a jogar no Corinthians com tudo que essa decisão acarretaria. Possibilidade tenebrosa para ele, embora muito improvável. Menos difícil ficar sem jogar, mesmo.
Saberemos de tudo, por cima, superficialmente, como sempre, até as dezenove horas de Brasília. Como agora o relógio marca nove horas, restam apenas dez curtas ou longas horas para o desfecho.
Post Scriptum
Finalmente, um destino para Nilmar, o Internacional.
É o retorno ao lar, a volta do filho pródigo, talvez.
Os irmãos Sonda e o Inter pagaram 3 milhões de euros por 60% (ou 50%?) dos direitos federativos do jogador. O restante é dele mesmo e, talvez, do da Hora.
O contrato, embora de 4 anos, só dá garantia de permanência até julho, como queriam o jogador e o empresário e, com certeza, os irmãos Sonda. Os salários, segundo a nota do Inter, serão de 170.000 mensais. Quase a metade exata do que falaram durante meses Nilmar e da Hora. Apesar do que foi dito, eu não acredito que esse valor seja o real. Creio que os agentes pagarão um complemento.
O dia terminou e não se soube que o Corinthians tenha dado entrada em pedido de suspensão na 2a. instância da JT. O jeito é esperar para ver se isso, de fato, acontecerá. Enquanto isso, Nilmar deixa o Clube Pinheiros e segue para Porto Alegre. Enfim, poderá treinar e jogar de verdade. Boa sorte a ele.
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Marcadores: Caso Nilmar
3 Comments:
At 10:51 AM, Leandro Ventura said…
Cara, que saco...
O Nilmar e o mercenário Orlando da Hora se merecem!
Quanta bagunça! Acho até melhor que ele não venha mesmo pro Morumbi.
Emerson, post maravilho, digno de coluna do Globe Esporte, que aliás, anda devendo...
Leandro.
At 2:55 PM, Anônimo said…
ótimo post...
e deixa o Tricolor sem Nilmar que já tá bão demais, né...
At 5:26 PM, Anônimo said…
Emerson,li alguns comentários seus ,acho que os clubes mais organizados administrativamente e futebolisticamente são: São Paulo, Internacional,Santos( obs: tem boa estrutrura, mas desperdiça dinheiro em demasia)
Cruzeiro: ótima estrutura, mas desde 2003 só pensa em vender atletas aos tubos, e nao consegue montar elenco.
Atlético Pr: ótima estrutura e o melhor estádio do país, clube muito forte financeiramente, mas está na hora de montar uma equipe que faça jus a toda essa estrutura não?
No final das contas São Paulo e Inter são as melhores gestões;;
Nem vou falar dos clubes do rio para não haver contrangimentos ...Mas o Fogão está engatinhando bem aos pouquinhos;;
Não ia falar mas me obrigo , o meu Mengo só crescera quando tiver seriedade, e quando saibam explorar o pontencial que a marca possui.
Quanto ao Nilmar, acho que retomará o bom futebol, agora com tranquilidade para trabalhar e em um lugar legal para isso!
Felipe Diniz Bueno
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