Um Olhar Crônico Esportivo

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terça-feira, setembro 05, 2006

TimeMania, enfim

Demorou, mas a TimeMania estará chegando em breve ao mercado consumidor brasileiro. Consumidor de sonhos através das apostas, mas consumidor. A Câmara dos Deputados aprovou-a hoje, através de acordo das lideranças. A oposição cedeu, os governistas cederam e, como de praxe na política, o projeto foi aprovado. Nesses tempos bicudos, convém destacar que tudo isso é correto, faz parte do “fazer política”. As pressões pró e contra foram intensas e transparentes. Debates aconteceram, a sociedade acompanhou, opinou, manifestou-se e, depois de longa demora, chegamos à aprovação. Só falta a assinatura do presidente da república, agora, mas sobre ela não pairam dúvidas.

Basicamente, a TimeMania é um jogo de apostas tendo como apelo os escudos dos clubes brasileiros das 1ª, 2ª e 3ª divisões de nosso futebol. Do total de sua renda, 25% será destinado aos clubes participantes, como forma de pagar pelo uso de suas imagens. Do restante, 46% vão para os apostadores, 20% para custeio e manutenção, 5% para projetos sociais do Ministério do Esporte, 3% para o Fundo Penitenciário Nacional e 1% para seguridade social (talvez alguns desses percentuais tenha sido alterado ultimamente, não tenho certeza pois não revisei; mas o percentual destinado aos clubes é o mesmo, 25%, disso estou certo).

O Brasil tem hoje 84 clubes nas 3 divisões profissionais com campeonatos nacionais: 20 na Primeira, 20 na Segunda e 64 na Terceira Divisão.

Estima-se, a grosso modo, uma arrecadação anual na casa de 500 milhões de reais, dos quais 125 milhões seriam destinados aos clubes. trabalhando com esse valor, teríamos, em números aproximados:

- Primeira Divisão – 20 clubes – 81 milhões de reais – 4 milhões/clube

- Segunda Divisão – 20 clubes – 31 milhões de reais – 1,5 milhão/clube

- Terceira Divisão – 64 clubes – 13 milhões de reais – 0,2 milhão/clube

Não se pode dizer que esses valores sejam esplêndidos e que venham a ter forte impacto sobre as finanças dos clubes. Pelo contrário, até, embora 4 milhões de reais por ano para um clube de pequeno ou médio porte façam diferença.

De qualquer forma, a divisão do bolo não parece sacramentada e há clubes, como o São Paulo, que não estão dispostos a aderir ao projeto. Curiosamente, a diretoria tricolor deu total apoio à iniciativa desde seu começo, mas considera o valor a ser recebido muito baixo. Eu acredito que, mesmo com essa reclamação, o São Paulo participará. Afinal, 4 milhões não caem do céu e sempre representam alguma coisa. O São Paulo, provavelmente, será um dos poucos times a receber o que tem direito, pois está com as obrigações fiscais em dia, sem atraso.

A TimeMania é um grande negócio para os times com dívidas gigantescas junto à Receita, INSS e FGTS, com valores que superam em muito os duzentos milhões de reais (Flamengo e Botafogo) e se aproximam disso (Fluminense). Para esses clubes, a vinda da TimeMania significa oxigênio puro para quem está sem ar para respirar. A partir do momento da adesão, os clubes mudam de classificação fiscal, deixando a situação de inadimplentes com dívidas em execução. As parcelas a que terão direito irão diretamente dos cofres da Caixa para os cofres da Receita, abatendo suas dívidas num prazo máximo de 240 meses. Considerados “em dia”, poderão voltar a operar no mercado financeiro e, acima de tudo, ficam livres dos arrestos de rendas, bens e até direitos sobre jogadores.

A expectativa é que o presidente lulla da Silva assine a medida até o final desse mês.

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