Um Olhar Crônico Esportivo

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quarta-feira, junho 27, 2007

Tostão, Muricy e murici


Muricy Ramalho tem sido vítima e alvo de uma campanha forte que pede, literalmente, sua cabeça à direção do São Paulo. Entre seus muitos críticos, venho destacando dois pela virulência dos ataques, nessa semana amenizados. Ambos são jornalistas e têm, em função dessa atividade profissional, excelente entrada no Morumbi. E, como se depreende de seus escritos, ou como até colocam claramente, dispõem de fontes privilegiadas dentro do clube. Ambos usaram e usam essa condição para, em seus blogs pessoais, principalmente, desferirem críticas ferinas e ataques pesados ao trabalho do treinador. Entre as muitas críticas feitas a Muricy, destacam sua “grosseria”, sua “falta de educação” nas entrevistas, sua “arrogância”, chegando a dizer que ele, por isso, não combina com o São Paulo F.C., com a idéia de elegância e com o comportamento do São Paulo F.C.

Risível...

Deixarei outra pessoa falar por mim sobre esse ponto:

“Aliás, as entrevistas dos treinadores, principalmente os da seleção, são grandes encenações, um péssimo teatro. Muitas vezes, os repórteres perguntam por obrigação e questionam as mesmas coisas ou fatos que sabem que não serão respondidos. Os treinadores fingem que respondem e só falam o que querem. Há exceções dos dois lados, como as contundentes perguntas do repórter Cícero Melo (da ESPN Brasil) e as entrevistas com Muricy Ramalho, que dá explicações técnicas e táticas e responde com franqueza e com peculiar ironia.

Esse é o trecho final da coluna de hoje do Tostão, publicada na Folha de São Paulo.

Tostão é o meu guru.

Mas, felizmente, digo com satisfação que discordo dele em algumas posições. Nesse ponto, porém, concordo em gênero, número e grau. Assino embaixo sem a menor restrição.

Quanto aos dois jornalistas em questão...

Quando escrevo a respeito no blog do Lédio, ou nas listas São Paulo FC e SPNet, omito os nomes desses dois profissionais, mas aqui não há motivos para tal: refiro-me ao Victor Birner e ao Ricardo Perrone (não o editor da coluna Painel, mas o dono do excelente site Estação Tricolor e do blog, também excelente, Blog do RicaPerrone). Ambos são bons, o Birner como comentarista de rádio, e o Perrone tem posições admiráveis, algumas das quais eu confesso invejar, pois não chego a ser tão esportista como ele. Estranhamente, porém, ambos parecem sofrer de uma alergia rara a murici – frutinha meio enjoada, que antes de ficar 100% madura é até gostosa – que parece ter se estendido a Muricy Ramalho.

Embora respeite os dois profissionais, torno a dizer que nesse ponto eles, a meu ver, passaram do ponto, passaram a valer-se de suas posições e funções profissionais para desfechar uma campanha contra uma pessoa injusta contra um profissional excelente.

E entre a visão que eles e outros críticos têm de Muricy, e a visão do Tostão, que além dessa aqui expressa considera-o um dos melhores treinadores do Brasil, eu não peço licença ou nada parecido, simplesmente assumo integralmente a posição do Tostão. Porque, entre um e outros, não há o que pensar. Com todo o respeito. Respeito que esses outros não têm por Muricy.


Em tempo: curiosamente, não conheço ninguém alérgico a murici. Deve ser alguma experiência anterior com muricis passadas do ponto ou coisa que o valha. Quem conhece, gosta.

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2 Comments:

  • At 12:15 PM, Anonymous Anônimo said…

    Emerson vou passar ao largo de suas diferenças com Perrone e Birner (ainda que não tenha a sua mesma opinião crítica sobre eles).

    Socorro-me de uma postagem q fiz aqui em 21/05, mto antes deste seu post, o que cronologicamente prova ser minha opinião. Nele faço a diferenciação entre o bom treinador Muricy e o mau técnico - no sentido do estrategista - Muricy. Creio mesmo que, para seu bem, deveria ele mudar, aceitar as críticas e deixar seu ar de deboche (perdoe-me, mas foi assim mesmo que se portou no recente ARENA SPORTV de que participou).

    Eis minha postagem de 21/05; "Emerson, quase sempre concordo contigo. Até em relação ao Muricy potencial: trabalhador, resiliente, cobrador.

    Mas o Muricy de hoje, padece do mal terrível da soberba, que cega, desnorteia. Ele perdeu a sensibilidade que faz o sábio diferenciar coerência de teimosia. Escuda-se nas duas escolhas de "Técnico do ano" - o que, diga-se, em termos de Br não credencia muito - para desdenhar o apoio da tecnologia e da psicologia. "Motivação é frescura", como ele sempre diz? Eu estava no Morumbi e vi a "frescura" de Mano Menezes: jogando fora e era seu time que sufocava o adversário, um apático SP, à imagem de seu comandante (não vale bancar boneco de pôsto depois que mandou o time môrno pra campo!).

    Claro que não sou dos maniqueístas, dos imediatistas. Mas tento não me aferrar a dogmas. O futebol mudou muito desde que Telê parou, já que ele pegou só um pouco das mudanças de regra (proibição de recuo de bola, sete bolas ao redor do campo, sete jogadores na suplência). O jogo ganhou em vigor físico. O técnico, com mais opções de banco, ganhou importância. Muricy tem que aceitar isto, gostando deste novo futebol ou não."

    É isto. Forte abraço.

    PLINIO/Santos-SP

     
  • At 11:06 AM, Anonymous Anônimo said…

    Emerson peço perdão por voltar, de maneira um tanto oportunista ao assunto. Mas a postura grosseira de Muricy na coletiva pós jogo contra o Inter me motivou.

    Ora, os jornalistas perguntavam o óbvio, qual seja por que o SP aceitara a pressão gaúcha no 2° tempo. Ao invés de refletir para responder - parenteses, duvido que Tostão assista tantas coletivas de Muricy quanto eu - e assumir que ele, Muricy, não tinha alterado o time quando, no intervalo, Gallo tirara um zagueiro e colocara um volante, optou pelo deboche.

    Não foi o Inter que sufocou o SP mas sim a crônica teimosia de Muricy em mexer na equipe que assim permitiu. Ficamos com dois contra quatro colorados no meio de campo. Sem Aloísio pra segurar os zagueiros lá atrás então ...

    Não tenho nada pessoal contra nosso técnico, pelo contrário. Mas já passou da hora dele aprender que o futebol mudou muito e que, por conseqüência, os conceitos TÊM que mudar também. O que valia no início dos anos 90 foi atropelado pelas mudanças de regra, fazendo aumentar a importância do técnico de campo. Mexer no time durante a partida é hoje tão ou mais importante que preparar a equipe durante a semana.

    Bancando "poste" Muricy faz tremendo mal a sua carreira.

    PLINIO - Santos/Sp

     

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