Cartolas & Galinhas: diferenças e convergências
Lá no Sítio das Macaúbas, aprazível recanto onde eu enfio o pouquinho de dinheiro que consigo ganhar na cidade e que ainda por cima gera despesas complicadas, vive um monte de galinhas. E galos. A cantoria de madrugada é bonita, às vezes terrível, dependendo do humor e da hora em que caímos nos braços de Morfeu.
Durante o dia, a partir das dez horas, mais ou menos, a partir do momento em que o Sol já cumpriu um quarto de sua caminhada diária, as madames galinhas começam a se acomodar e, logo depois, começam a botar. Isso segue até o Sol atingir seu ponto mais alto no céu, o que vem a coincidir com a hora do almoço. Dura mais ou menos um quarto da passagem diária do Sol a janela de botação das galinhas.
Como temos a janela de contratações, creio que podemos ter, também, a janela de botação.
Voltando às galinhas...
Tão logo elas põem o bendito ovo, deixam o ninho a cantar alta e alegremente, como se tivessem terminado a mais importante de todas as tarefas. E talvez tenham mesmo, pelo menos para seus cérebros de galinhas. Ao fazerem tamanho estardalhaço, anunciam aos quatro ventos, além das comadres e compadres de penas, que a missão do dia está cumprida, o ovo está posto e agora ela vai cuidar da vida que ninguém é de ferro.
O festejo é ouvido, também, por outros interessados.
Bípedes sem pelos e cobertos com peles estranhas que, apesar disso, são bonzinhos e dão milho todo dia, cachorros, gralhas, teiús... Todos à espera de saborear um ovo fresquinho, nutritivo e saboroso. E lá vão os interessados atrás do canto da galinha e de seu ninho.
Descoberta feita, descoberta saboreada.
Outra agora só na manhã seguinte.
E no futebol?
Ah, é mesmo, o futebol. Afinal, esse é um blog que se pretende futebolístico.
Pois bem, nossos cartolas (não só aqui) agem como as galinhas. Mal percebem a aproximação do ovo já saem cantando em prosa e verso e bradando aos quatro ventos e em todas as mídias, que fulano está sendo contratado, tudo está certo, é só questão de pequenos detalhes para assinar o contrato e vestir o manto sagrado.
Ah, como dirigente gosta de anunciar contratação!
Todavia, ao fazer isso, e tal como as galinhas, os cartolas comunicam, também, a existência de um ovo, que pode ou não ser saboroso o bastante para atrair outros interessados. E se essa atração existir, esses outros irão atrás do ovo que ainda não foi botado, digo, contratado. E em surdina, repticiamente, chegam à galinha e asseguram-se de seu ovo primeiro.
Foi o que aconteceu nessa semana.
O Palmeiras cantou o ovo Kleber antes do tempo.
O Santos interessou-se e foi atrás da galinha, no caso o próprio Kleber, que é ovo e galinha ao mesmo tempo, representando ora um, ora outro papel.
E parece que contratou, tomou posse do ovo.
Espertamente, porém, o Santos ainda não está cantando. Só fará isso depois que o ovo estiver em sua frigideira, pronto para virar omelete. Mas é certo que dessa frigideira esse ovo não sai mais.
Enquanto isso, o Palmeiras chora a perda.
E chora mais, pois também perdeu Florentin, que se cansou das cobranças e pediu dispensa. Complicada a situação do Palmeiras.
A discussão já começou e já botaram a ética no meio. Nada disso tem a ver com ética. O jogador está livre, recebeu uma proposta inicial – a do Palmeiras – que agradou. Mas logo depois recebeu outra proposta, mais atraente, a do Santos. Preferiu a do Santos, azar do Palmeiras. O time da Vila pode ter agido de forma antipática, sem dúvida, mas não feriu ética alguma.
Sobre essa história de ovos & galinhas, tem um ditado que meus avõs sempre usaram:
Não se pode contar com o ovo no cú da galinha.
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Marcadores: Crônicas
1 Comments:
At 7:10 PM, Anônimo said…
Hehe Émerson!
Mandou bem.
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